Perdidos

23-04-2015 11:47

 

O que se faz quando o caminho que escolhemos, após uma longa caminhada, nos leva a lugar algum? A tarefa mais complicada da vida de um ser humano com certeza é a de escolher algo, de decidir, embora na verdade o medo das consequências desta, é que nos deixa vacilantes. No entanto quando se trata de coisas do coração torna-se mais fácil esta compreensão de escolha, pois, somos impelidos quase que instantaneamente ao amor. Neste momento os sonhos se multiplicam, o mundo trona-se colorido e tudo é perfeito. As coisas mais bobas, mais simples nos fazem felizes e o amor é para todo o sempre. Com o passar do tempo começamos a perceber que não estamos vivendo um conto de fadas. As rotinas vão engolindo a fantasia, as diferenças vão se acentuando e as divergências também e não raro, brigas nos levam a pensar se fizemos a escolha certa. A revelação dos defeitos do outro, que nós instintivamente preferimos não enxergar, começam a incomodar, levando à seguinte pergunta: Onde está aquela pessoa pela qual me apaixonei? Não nos damos conta de que a pessoa é a mesma, porém, a convivência exacerba tudo o que não queríamos ver: os defeitos. Em alguns casos o homem mostra sua face machista cerceando a liberdade da mulher, alijando seus direitos, impondo-lhe seu status de “chefe da família”, exercendo uma pressão psicológica intensa sobre esta. Como na maioria destes casos a mulher é dependente financeira e/ou emocional, ela sempre pensa nos filhos do casal, no julgamento da família e da sociedade, suportando situações que beiram a humilhação. Não obstante, existem situações em que a mulher não depende financeiramente do homem, porém, em nome do casamento, dos tempos de convivência e principalmente do medo do recomeço, da solidão, abdica da sua felicidade. Claro que existem situações em que a mulher se apresenta como vilã numa relação, contudo, em sua maioria as motivações são outras e nós homens, salvos alguns exemplos no saímos melhores que elas. O mais importante é saber até que ponto uma relação desgastada, sem perspectivas de mudanças é válida? Será que o preço que se paga para mantê-la é justo?

O que percebo em conversas com casais e amigos é que as pessoas prendem-se a fatores externos ao coração, de cunho estritamente financeiro ou social. Por assim dizer, as mulheres em geral buscam no conforto, na satisfação que “devem” a sociedade e em jargões como “Todo homem é igual”, justificativas para se submeterem ou permanecerem em situações constrangedoras e que lhe tira a oportunidade de mudar seus caminhos, de buscarem a tão sonhada felicidade ao lado de um verdadeiro parceiro. Em contrapartida o homem quando encontra-se numa situação desfavorável com a parceira, seja quando a mulher não o quer mais ou quando o trai, busca o caminho da violência física ou coercitiva, quando muito chuta o balde e parte para outra. De fato, o que acontece é que em  todas as situações as pessoas estão perdidas e presas a escolhas que julgavam serem para sempre e não encontram forças para um recomeço! Tem-se de acreditar que é melhor trilhar um novo caminho que permanecer perdido, parado num lugar que leva a lugar algum e que a vida passa, querendo nós ou não. Perdidos rodamos em círculos sem encontrar saída, enquanto o mundo lá fora gira! Ponha um sorriso no rosto, vasculhe as telhas de aranhas, retire os sentimentos que não lhes fazem bem e busque a felicidade! A vida nada mais é que uma colcha de retalhos, onde um dia contabilizaremos os pedaços que nos fizeram felizes, que nos deram um sentido de viver!

Este texto foi especialmente produzido para as amigas e escritoras Simone Borges e Celia Morais Costa!

Gérson Prado