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Desejo – Futuro do Pretérito

Adriele estava super feliz. Conseguira a autorização dos pais para ir aos quinze anos da meia irmã Jamile, em Cruz das Almas, uma pequena cidade no interior da Bahia, há alguns quilômetros de Salvador. Porém, o que mais lhe chamava a atenção agora eram os olhares de Henrique. Um jovem de dezenove anos, servindo ao exército e por isso, seu cabelo era bem cortado, no estilo militar, com cerca de um metro e oitenta de altura, o rapaz apresentava olhos castanhos, uma boca bem delineada por um sorriso cheio de malícia e um corpo atlético. Dispondo-se a ajudar na tarefa de fazer os docinhos, Henrique não despregava os olhos da bela menina de cabelos pretos médios, olhos castanhos, lábios sensualmente tímidos, seios médios e um corpanzil que chamava a atenção. Aos dezesseis anos, Adriele já fora abandonada pela inocência e sem entender bem, sentia algo diferente ao encarar e ser encarada pelo interessado militar. A festa começou antes mesmo do horário, pois a confecção de doces e salgados transformou-se numa bagunça e entre sorrisos, graças e elogios, Henrique aproximou-se da menina e sob um pretexto qualquer, conseguiu arrancar seu nome e outras informações. Passaram o dia próximos, com olhares lânguidos e brincadeiras quase inocentes, com aquela chama queimando por dentro. No entanto, o ápice deu-se no baile de debutantes de Juliane. Valsando com a aniversariante, o rapaz não desgrudava os olhos de Adriele e tão logo cumpriu sua obrigação, convidou-a para uma dança que se eternizou por toda a noite, findando em beijos calientes, que fizeram-na flutuar. Era um conto de fadas! Sim. Adriele estava ficando com um príncipe. O seu príncipe.

Por alguns dias, tudo parecia um sonho para a menina apaixonada, porém, chegava a hora de voltar a vida real e isto significava retornar a Salvador e a incerteza do que aconteceria após aqueles dias, inquietava Adriele. Contudo, o sonho e o encanto se estenderiam em forma de beijos alucinantes no ônibus, por toda a estrada e daí para o namoro não faltava mais nada. Os encontros a cada quinze dias eram efusivos, cheios de desejo e volúpia, porém a menina virgem não cedia a mais que isso. Num desses amassos, Henrique beijou-a com um desejo avassalador, levando-a a loucura, à beira de um orgasmo. Ensandecido o jovem cheirava-a, beijava seu pescoço, lambia, deslizava as mãos pelos seios rijos da menina, arrancando suspiros, pequenos gemidos e um incontrolável que a induziu a permiti-lo tocar seu sexo com uma das mãos, aumentando o calor, o fogo que emanava de suas entranhas e quando ele a deitou sobre o sofá, tocando sua língua pela calcinha da menina, ela assustou-se com as sensações e pediu:

- Para! Por favor, Henrique. Para! Assim não vou aguentar. Sabe que sou virgem.

Impaciente e cheio de tesão ele argumentou:

- Olha como estou. – Falou ele mostrando o relevo em sua bermuda. Sorrindo marotamente a menina contra argumentou:

- Sabe que não posso.

- Sei. – Disse ele desolado. – Então, faz um carinho nele.

Obediente e sapeca Adriele passou a alisar o membro ereto por cima da roupa do namorado, o que só aumentou a lasciva entre ambos. Em tempo de explodir o rapaz com cara de pidão falou:

- Dá um beijinho nele?

- Eu nunca fiz isso! – Disse ela, assustada e envergonhada.

- Só um beijinho. – Insistiu ele, já retirando a vara endurecida. Diante da súplica e por curiosidade a menina ensaiou algo que não se poderia chamar de sexo oral. Na primeira tentativa, ela mal encostou os lábios no membro suplicante. Na segunda, com um misto de medo, vergonha e nojo, foi mais rápida que um raio e quando finalmente, Henrique dispôs-se a guia-la, os caninos de Adriele quase arrancaram a cabeça do soldado que de imediato esmoreceu, após um grito ensurdecedor. Gargalhando e sem jeito, a menina saiu pela porta a fora, correndo como uma lebre. Dia após dia as carícias se tornavam mais intensas, mais fumegantes e a menina mais apaixonada por aquele príncipe gentil, doce e encantador. Passavam horas entre amassos, conversas e risadas a cada quinze dias. Adriele contava às horas, dias, semanas para encontrar seu príncipe e num desses dias em que ansiava seu encontro, quase disposta a se entregar, viu-o aos beijos com sua melhor amiga. O chão lhe faltou. As vistas escureceram, o ar abandonou-lhe os pulmões e as lágrimas cobriram sua face. Seu castelo ruíra e junto com ele, seu sonho, seu príncipe e seu mundo. Henrique tentou explicar o que para ela não havia explicação ou justificativa. Não precisava ouvir nada. Não queria ouvir nada, pois já vira demais. O que lhe restava era esquecer aquilo que julgou ser amor e transformou-se numa dor que lhe cortava o coração, dilacerava a alma e levava sua paz e assim o fez.

Durante longos dois anos, Henrique tentou explicar o que acontecera. Em vão. Adriele não estava disposta a escutar, a lembrar de tudo novamente e sempre que podia, evitava encontrá-lo. No entanto, acabou descobrindo quando talvez, já não houvesse jeito, que tudo não passara de um mal-entendido, uma brincadeira de jovens inconsequentes. Jorge, um amigo comum acabou contando-lhe numa conversa informal, de amigos, desses que não vemos há muito tempo e quando reencontramos, começamos a relembrar às aventuras passadas, que eles e mais três amigos haviam feito uma aposta. Uma aposta boba sobre futebol e o timeco de Henrique perdera e a prenda era justamente beijar a Aline, sua melhor amiga. Ao saber disso, Adriele percebeu o quanto fora intransigente, intolerante, que tudo poderia ter mudado sua vida, se apenas escutasse. Mas, agora era tarde e deveria enterrar aquela história para sempre. Hoje, dezenove anos, dois filhos e um marido depois, ela está sentada à beira da cama, incomodada, por que há dois meses o passado decidiu invadir-lhe os sonhos da pior forma: na forma de Henrique. Há anos não o via, não se falavam e a última notícia que soube dele, havia se mudado para Brasília e também havia casado. Por que esses sonhos agora? Será que é sua punição? Seu marido não merecia aquilo, mas estava totalmente mexida com aquelas visões e sem saber o que fazer. Todas as noites era o mesmo sonho. As carícias, os beijos e até a quase mordida no membro dele vinham perturbar-lhe. “Já havia esquecido uma vez. Conseguiria de novo. Não seria justo com ela, com o marido e nem com o próprio Henrique, remexer essa história. ” – Pensou ela, tentando voltar a dormir. O tempo parecia estar de fato disposto a castigá-la, pois, as horas não passavam, o sono não vinha e só depois de muito rolar na cama conseguiu adormecer, transitando entre o sonho e o sentimento de culpa que sabia não lhe caber.

O despertador indicou-lhe que um dia quente acabara de começar e ao abrir os olhos deu de cara com o John, olhando-a intrigado e como se adivinhasse o que deveria ter acontecido, Adriele tentou disfarçar:

- Bom dia, meu amor! – Cumprimentou ela, forçando um sorriso.

- Bom dia. – Respondeu ele, lacônico. – O que está acontecendo com você? – Emendou John.

- Como assim? Não estou entendo. – Falou ela, meio confusa.

- Há dias que fala a noite toda, como se estivesse num transe e de repente levanta. Fica horas sentada na cama, pensativa. – Descreveu ele.

- Eu? Falando? Não lembro disso.

- E do sonho, lembra? – Inqueriu o marido.

- Que sonho? Acho que você quem deve ter sonhado. – Falou ela, mais uma vez forjando o sorriso e abraçando-o.

- Fica repetindo: “Não! Não é justo. Eu não quero você! ”. Alguém especial? – Insistiu o desconfiado esposo.

- Não, meu amor. Se tenho sonhado, sequer lembro. Vamos levantar que tenho que trabalhar e você também. – Sentenciou ela, levantando e beijando-o nos lábios. John permaneceu observando a mulher, buscando fisgar alguma pista, sem sucesso. As afirmativas do marido deixaram Adriele mais temerosa e confusa. Tinha medo de descobrir algo que não queria e não conseguia entender o que aqueles sonhos significavam, mas tinha a perfeita noção que teria de encerrá-los ou teria problemas em seu casamento, só não sabia como. O dia seguiu tendencioso, uma vez que seus pensamentos se voltavam para Henrique todas às vezes em que se desconcentrava ou quando havia uma brecha em suas defesas. Estava ficando cada dia mais insustentável e para se convencer de que poderia ser um sinal de que algo estava errado pensou: “Será que ele está com problemas? Pode ser um presságio ou intuição, sei lá. Vou ligar para a Jamile. Ela deve saber. ” Completamente nervosa, Adriele catou o celular na bolsa, ligando para a meia irmã. Como haviam se falado a três dias e não havia motivos para outra conversa, ela tentou disfarçar assim que a outra atendeu:

- Irmãzinha! Que estás fazendo? Saudades de ti.

- Está doida ou quer alguma coisa? Falamos anteontem. – Atirou, Jamile.

Sorrindo um tanto sem jeito, Adriele arrodeou, buscou conversas que a levassem até onde queria, mas não era seu forte as meias palavras, então foi direto ao assunto:

- Tem tido notícias do Henrique?

Por alguns segundos fez-se silêncio do outro lado. Jamile escolhia com cuidado as palavras, tentava ganhar tempo:

- Quem quer saber? – Perguntou finalmente.

Engolindo em seco, temperado a garganta, Adriele prendeu a respiração e desferiu:

- Eu.

Novamente o silêncio dominou o diálogo e como a meia irmã não falava, ela insistiu:

- Mile! Você está aí?

- Oi. Estou sim. – Respondeu Jamile.

- E por que não fala?

- Por que quer saber dele, Adriele? Aconteceu algo. – Perguntou a outra.

- Não. Só curiosidade. – Mentiu Adriele.

- Está escondendo algo. Te conheço. Se não falar, não respondo. – Ameaçou Jamile.

- Sério, Mile. Só curiosidade mesmo. – Persistiu a mentira saída de Salvador.

- É? Então, tá. Nunca mais ouvi falar dele. Só isso? – Despachou Jamile.

- Está bem. Não consigo esconder nada de você mesmo. – Concordou a outra, passando a contar toda a história. Desenrolada toda a conversa Adriele só ouviu a mulher dizer:

- Putz! Merdou!

- Que foi? Assustou-se Adriele.

- Prepare-se! Ela está chegando depois de amanhã. Vai ficar dois dias em Salvador.

A cabeça da mulher rodou. Suas pernas ficaram bambas, a voz sumiu e em instantes fez uma viagem no tempo. Relembrou, desejou, imaginou e se condenou.

- Alô! Dri! Está viva? – Gritava Jamile do outro lado e como não recebia resposta constatou:

- É. Pelo jeito vai dar merda mesmo! Fala mulher! – Berrou, deixando a outra quase surda.

- Oi. Estou aqui sim. – Respondeu finalmente Adriele. Por alguns minutos falaram bobagens que já não interessavam a ela, o que a fez despedir-se da meia irmã:

- Mana! Vou voltar ao trabalho. Beijos, depois te ligo.

Enquanto em Salvador, uma estava perdida, confusa e estranhamente alegre, em Cruz das Almas a outra estava apreensiva e preocupada com o que estava para acontecer. Rezou, benzeu-se e tentou de todas as formas dissuadir seus pensamentos. Diferentemente dos outros dias, Adriele chegou em casa bem. Com um brilho nos olhos, cheia de vida, mas com um ar de suspense que só ela não conseguia enxergar. Os filhos estavam amando a farra e o marido admirando a mudança, mas nada comentou. Nos dois dias seguintes foram assim. Adriele estava leve, solta, feliz. Contudo, no terceiro dia surgiu uma esposa nervosa, uma mãe impaciente e quando John finalmente estourou, deu sorte ao azar. Uma discussão acalorada iniciou-se e no calor da peleja a mulher pegou a bolsa e saiu, sem dizer para onde e nem quando voltaria. Instintivamente ela saiu caminhando, sem rumo, sem planos. Contudo, no seu íntimo sabia onde aquela caminhada a levaria. Chegou a rua onde estava situada a casa da mãe de Henrique. Local onde muitas vezes namoraram, onde tentou pela primeira vez fazer sexo oral, onde descobrira o despertar de um desejo. Tentou conter-se para não olhar para a casa, sem conseguir. As luzes estavam acesas e sabia que não poderia ser a ex-sogra, pois esta havia se mudado há anos para Cruz das Almas. Era ele, só poderia ser. Ensaiou dois ou três passos na direção da luz que vinha da pequena varanda, detendo-se. “E se ele estiver com a esposa, filhos..., sei lá? ”.  – Pensou ela, estática. Hesitou por alguns longos minutos para em seguida convencer-se em voz baixa:

- É a chance que tenho de acabar com esses sonhos. Só vou ver se ele está bem, conhecer a esposa e o filho e pronto. Dou meia volta e enterro essa história para sempre.

Caminhando com cuidado e desconfiança, ela avançou, soou a campainha e aguardou. Nada. Insistiu uma vez, duas, três e resolveu ir embora já se culpando, se recriminando, quando percebeu que a luz aumentava de tamanho e forma, indicando que a porta se abria e ao virar-se corou, tremeu, sorriu e gaguejou:

- Desss...culpe, Henrique. Não sabia que estava ocupado.

O sorriso iluminado do homem só não era mais atraente que a toalha que envolvia seu quadril e aquele olhar malicioso mais uma vez a perturbava.

- Não estou. Só estava tomando banho. Quer entrar? –Perguntou ele, indicando a porta aberta.

A essa altura Adriele não sabia se ainda estava ali parada por saber que não deveria entrar ou se por que as pernas não obedeciam ao seu comando. Gentil e observador como sempre, Henrique estirou-lhe uma das mãos, a ajudando a descolar os pés do chão e como quem quisesse mostrar algo a ele a mulher perguntou:

- Onde está sua esposa?

- Ela não veio. Nos separamos há dois meses. – Respondeu ele, desencadeando um fio de esperança e um rio de alegria dentro dela.

- E você?  Que faz por aqui a essa hora? Onde está seu esposo? – Indagou ele, soltando um sorriso safado pelo canto da boca.

- Tivemos uma briga feia há pouco e saí andando sem rumo. – Explicou ela.

Mirando-a no fundo dos olhos, como se soubesse de algo Henrique perguntou:

- E por que brigaram?

- Sei lá. Acho que por sua causa. – Desabou, ela.

- Por minha causa? – Admirou-se ele.

A mulher passou a contar toda a história, desde o começo e como tem sofrido com isso. Ouvinte atento, Henrique aproximou-se de Adriele, derrubando a última das barreias que restava: a distância. Invadindo sua alma por seus olhos, ele depositou suavemente as mãos em seus cabelos, puxando-a para si e aplicando-lhe um beijo que lhe fez lembrar todo o passado, queimando sua resistência, fumegando seu sexo, sugando-lhe o ar e desencadeando um desejo que ela pensava estar no passado. As mãos de Adriele contornavam as formas do corpo másculo à sua disposição, alisando, arranhando, despertando e enchendo a casa de libido, fazendo a toalha deslizar suavemente, até alcançar o chão, mostrando a nudez do homem. Sem pensar ela fez o que deveria há dezenove anos atrás, abaixou, engolindo o mastro até sua base, espremendo um gemido que vinha do âmago de Henrique, fazendo-o ficar na ponta dos pés. Lentamente a mulher retirava o mastro da boca, para lambê-lo e voltar a engolir, tragando-o até o limite da garganta. Totalmente fora de si, Henrique pegou-a por um dos braços, instalando-a no sofá, abrindo desesperadamente a bermuda jeans, que escondia uma calcinha preta que dificultava o caminho até a gruta molhada e faminta. Arrancando-a quase que grosseiramente, o homem embrenhou-se por entre as pernas da fêmea que já quase gozava, apenas por tê-lo ali e com a língua movimentando-se rapidamente em seu botão, revezando entre beijos e mordiscadas em seus lábios, Adriele não perdeu a oportunidade e gozou naquela boca, que a muito ansiava. Ao perceber os tremores no corpo da mulher, Henrique, dedicou-se mais a chupada, sugando o clitóris dela, abocanhando seu sexo por inteiro ou quase inteiro, apertando os bicos intumescidos e se deliciando com o canto que ecoava da garganta da mulher:

- Aiiiii, gostoso. Estou gozando. Não para! Ahhhh, como desejei isso.

Chupando e olhando as reações do corpo da mulher, ele fazia-a gozar mais e mais e quando um novo orgasmo se aproximava Henrique resolveu dedilhar a gruta, tocando-a com maestria, masturbando-a com força e agilidade, levando-a ao desespero:

- Ai, meu Deeeeeus! Vou gozar de novo. Que delícia! Ai, ai, ai....

Rápido, o homem tratou de entrar no meio das pernas de Adriele enquanto ela ainda sentia os espasmos e tão logo foi penetrada a mulher anunciou:

- Ai, ai..., estou gozando de novo. Vai me matar assim.

Lentamente, o homem foi enfiando a vara no interior da mulher, fazendo-a sentir o avanço de cada centímetro, empalando-a completamente, para retirar a verga totalmente, empurrando-a com volúpia até o final, voltando com movimentos lépidos de vai e vem fazendo a vagina pulsar, os poros da mulher se eriçarem, os seios apontarem para o culpado, um tremor apossar-se de seu corpo, as mãos cravarem-se no sofá e com os olhos semiabertos mais uma vez anunciar:

- Estou gozando. Ai meu Deus! Que vara deliciosa! Soca, mete, mete vai...

Com os cabelos desgrenhados, o corpo suado, extenuada Adriele olhou para o homem em sua frente com aquele sorriso malicioso, sentindo ainda o pulsar de sua vagina, marolas de prazer circundando sua alma ela disse:

- Quero ver você gozar!

Sorrindo, Henrique ergueu-se, pegou-a pelos cabelos com firmeza, postando-a de quatro e invadindo-a com desejo, estocadas firmes e vigorosas, impondo-lhe mais e mais prazer. A cada estocada os arrepios percorriam sua alma, faziam-na gritar, gozar e quando sentiu o pulsar da vara em seu interior a mulher começou a rebolar, mexer alucinadamente, levando-o a sucumbir e derramar todo seu prazer dentro dela, impondo-a mais um orgasmo louco e destemperado. Segundos passados, Adriele começou a sentir o peso do homem sobre suas costas, ao mesmo tempo, em que despertava para a realidade. Não se sentia suja, nem errada. Apenas leve. Poderia agora seguir sua vida em paz, com sua família e isso a fazia feliz. No entanto, Henrique parecia sem saber o que fazer ou dizer. Estava confuso e com medo e como quem tentava dar uma explicação não pedida ele disse:

- Tem algo que não lhe falei.

- O que? – Perguntou ela, sem demonstrar interesse.

- Viajo amanhã.

- Eu sei. – Falou ela, ainda sem qualquer interesse, levantando-se em direção ao banheiro.

- Vou voltar para minha esposa. Sabe como é....

- Faz bem! Não vim aqui para pedi-lo em casamento ou para sermos amantes. Só precisava de uma resposta e acho que já a obtive. Boa viagem e seja feliz. – Disparou ela, tomando banho e saindo em seguida para nunca mais voltar a vê-lo.

 

Gérson Prado

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Enquadrada

 

Leila chegou para ministrar mais uma aula no Campus de Medicina da faculdade e como sempre, assustava-se com o aspecto daquele lugar. O estacionamento ficava a mais de um quilômetro do prédio onde localizavam-se as salas. Milhares de vagas, tubos suspensos, espalhados pelo teto, um silêncio inquietante, constantes assaltos, falta de policiamento e uma longa caminhada por entre árvores, completavam o cenário de filme de terror. Deixando o carro num local em que lhe parecia menos distante, para quando retornasse. A mulher olhou em volta, procurando algo ou alguém que se não lhe indicasse perigo ao menos amenizasse a inquietude na alma amedrontada. “Com um olho no peixe e outro no gato”, a médica e professora de cabelos black, olhos verdes rasgados, sobrancelhas bem delineadas, lábios grossos, seios fartos, destacados por um abdômen definido, que anunciava ancas largas e pernas grossas e epiderme negra, retirou o jaleco depositado com cuidado sobre o banco do carona, pegou a bolsa enorme e os livros, empurrando a porta do veículo com um dos joelhos, dando início à sua caminhada. Sempre olhando ao redor, Leila caminhava com o coração disparado, uma sensação de estar sendo seguida ou observada tomava conta de seus pensamentos, só interrompidos quando avistou uma viatura da polícia militar a uns duzentos metros. “Dois anos nesse lugar e essa é a primeira vez que vejo uma viatura aqui! ”. – Pensou ela, sentindo-se mais segura. Caminhando com mais tranquilidade, permitindo que a rapidez e angústias anteriores dessem lugar a pensamentos e observações que nunca tivera a respeito da paisagem bucólica do lugar. Ao aproximar-se da viatura de imediato percebeu que o policial a devorava com os olhos e um risinho safado desenhado nos lábios confirmava suas suspeitas. Passou por ele cumprimentando-a e flertando levemente, pois encontrava-se enamorada de Clécio e apesar de estarem juntos há apenas três semanas, ele era maravilhoso em todos os sentidos. Exceto para sua sempre desconfiada amiga Janaína que insistia em alertar-lhe:

- No começo tudo são flores!

“Sim. Se isso era verdade, estou vivendo o início mais primaveril de minha vida! ” – Pensou Leila. Completamente absolvida nas lembranças e pensamentos, a mulher olhou meio que despropositadamente para o relógio, certificando-se de que ainda poderia dar continuidade ao ritmo que seguia para o trabalho, oscilando entre o sorriso e gentilezas de Clécio, as advertências de Janaína e a atividade que ministraria aos alunos. De repente, o silêncio foi quebrado, assim como as folhas e pequenos galhos atrás dela. Instintivamente Leila acelerou os passos, na mesma medida que as batidas de seu coração e por curiosidade, apenas movida pela dúvida de estar certa sobre seus instintos ela virou-se, dando de cara com o policial. Com o rosto encoberto pelo quepe, arma em punho, expressão sisuda o homem faz sinal para que ela levante as mãos. Sem acreditar e sem saber o que está acontecendo a médica resiste por alguns segundos, porém, sob a ameaça da arma de fogo, ela sucumbe, deixando que sua bolsa, seus livros e tudo que está em suas mãos despenquem ao chão, erguendo os braços.

- O que está acontecendo? O senhor está louco? – Pergunta ela, assustada e irritada.

Sempre com a arma apontada em sua direção o policial aproxima-se, arrodeando-a com cuidado, retira as algemas, inserindo-a em um dos braços da mulher, puxando-o com força, juntando ao outro e quando Leila ouve o clique das pulseiras se fechando, entra em pânico:

- Moço. Me explique o que está acontecendo. Eu trabalho logo ali na faculdade. Não sou nenhuma criminosa!

Completamente mudo o homem a conduz até a viatura, Leila olha para trás, para os lados, pensava em gritar, mas não havia uma alma viva naquele lugar deserto. Atirada sobre o capô, a mulher assistiu o policial dirigir-se até carro aumentar as luzes do farol, ligar o rádio que tocava uma música conhecida. Sim. Era Clímax do cantor Usher. Sorrindo e dançando, Clécio vinha em sua direção. Provocando, roçando seu corpo ao da namorada, lambendo seu pescoço e acochando a mulher, que encontrava-se toda arrepiada. Colocando-a de frente, sentada sob o capô, ele começou a retirar a farda, num strep tease metódico. Desabotoou a camisa até a metade, pulando para o cinto, acomodando-se em meio as pernas de Leila, fazendo a minissaia subir. Beijando o pescoço da mulher, mordiscando os seios por cima da blusa, Clécio incitava, excitava e rebolava, deixando a mulher cheia de tesão e expectativas. Abaixando lentamente ele colou o rosto na direção do sexo molhado dela, fazendo-a imaginar mil coisas, exceto que fosse desamarrar o coturno. Com um sorriso mais que safado o homem negro de olhos de mesma cor, cabeça raspada, barba semicerrada, braços musculosos, um metro e oitenta e cinco, libertou calmamente os pés. Pondo-se de joelhos, erguendo a saia vermelha com os dentes, roçando a barba nas pernas e pélvis da mulher. Clécio alcançou a calcinha encharcada, sentindo o cheiro do desejo que a gruta expelia. Com uma das mãos ele afastou a lateral da peça íntima, deslizando suavemente a língua pela vagina de Leila, arrancando um gemido longo, acompanhado de um chiado curto e entrecortado, impetrando uma ereção instantânea no homem. Dançando e mordiscando o sexo da mulher, ele foi se afastando passo a passo, no ritmo da música, estourando os botões da camisa um a um, deixando aparecer o abdômen talhado e definido por longos períodos de atividades físicas. Tão logo o último botão estourou o homem atirou a peça ao chão, arrancando de um só golpe o cinto, envolvendo a mulher, fazendo-a girar, pousando seu peitoral em suas costas, esfregando o mastro duro em sua bunda, deixando-a alucinada. Leila já não queria mais brincar e suplicou:

- Clécio. Vem cá! Coloca ele logo dentro de mim! Vem!

Afastando-se ele tornou a puxá-la, deixando na posição anterior, mexendo, rebolando, continuando o show. A medida que, a calça era retirada, caindo ao chão o tesão de Leila subia e aquela cueca vermelha incendiou de vez a mulher que berrou:

- Vem cá, filho da puta! Me dá logo essa vara!

- Você quer esse cassetete? – Perguntou ele, baixando a cueca.

Leila estava excitada e nervosa. Desejava a verga mais do que nunca, porém Clécio não tinha pressa alguma e mexendo a frente da mulher, aproximando-se novamente ele agarrou-a pelos cabelos, virando-a de costas, e abrindo suas pernas enfiou a língua quente no seu interior, levando-a imediatamente a um gozo intenso. Sob o efeito das sensações produzidas por aquela língua ávida, ela sentiu o membro rijo invadir-lhe as entranhas num só golpe, estocando seguidas vezes, possuindo seu corpo, seus desejos e sua alma, infringindo-lhe um orgasmo desesperador. Com o corpo trêmulo ouviu o namorado anunciar:

- O show ainda não acabou. Onde parei mesmo?

Irritada a mulher virou-se. Olhos fumegantes, mordendo os lábios ela vociferou:

- Quero porra de show mais não. Quero ele todo dentro de mim!

Ignorando a ordem, o homem voltou a depositar o membro na cueca, mexendo, rebolando e quando a música se aproximava do acorde final, ele apanhou o cinto no chão rapidamente, dando um salto para cima da mulher, mirando sua bunda e golpeando-a, encerrando a apresentação.

- Não posso aplaudir, mas pode meter em mim agora? – Falou ela impaciente. Demonstrando que agora começaria outro show, Clécio depositou as mãos ferozmente na bunda da namorada e com a boca colada ao seu ouvido disse:

- Vou te fazer gozar!

Mordiscando a orelha a sua disposição, ele desceu por seu pescoço, nuca, costas, descendo e arrancando as peças de roupas da mulher, deixando-a com os seios à mostra. Apertando seus bicos, Clécio foi lentamente depositando o pênis dentro da vagina suplicante, que estremeceu de alegria ao recebê-lo por inteiro, crescendo como uma marola o prazer agigantou-se no interior da mulher se transformando num tsunami que desembocou num grito estridente:

- Aiiiiiiiiii! Estou gozando! Vaii, mete, mete....

As palavras da mulher soaram como uma ordem que deveria ser cumprida à risca e assim sendo, Clécio socou toda a vara por diversas vezes naquela gruta sedenta, deixando a mulher extenuada pelo prazer. Tão intenso como suas estocadas o homem sentou a namorada no capô, abrindo suas pernas e mergulhando sua língua completamente em seu interior, impondo espasmos cada vez mais fortes à sua fêmea, denunciando que mais um orgasmo se aproximava. Quando a voz de Leila soou rouca por entre as árvores, informando ao mundo que aquele homem era capaz de fazê-la viajar sem sair dali, de cima da viatura, do estacionamento, da cidade, o policial, já sem a farda, mostrou sua autoridade instalando ferozmente seu cassetete dentro da mulher com estocadas rápidas, profundas, fazendo com que sexo pulsasse, seu abdômen se contraísse, preparando-se para receber o néctar de seu homem, quente, copioso, preenchendo seu centro. Por alguns minutos permaneceram ali. Leila de pernas abertas, com Clécio entre elas. Sentindo as batidas de seus corações, os prazeres que proporcionaram um ao outro, a leveza das almas e como num despertar ela disse:

- Somos dois loucos!

- Não. Apenas tento satisfazer todas as suas fantasias. – Afirmou ele.

- Onde conseguiu essa viatura e tudo mais? – Quis saber ela.

- Segredo. – Disse ele sorrindo. Só não me peça para transarmos dentro de um avião no ar. Não sei pilotar. – Falou ele beijando-a.

- Vamos antes que apareça alguém. – Alertou ela.

- Sim. Ainda quero te comer em casa. – Disse ele.

- Em casa? Quem sabe não rola uma blitz no caminho? – Sugeriu ela, sorrindo safadamente.

Beijando-se, cataram as roupas e entraram em seus carros, nus como estavam, em direção a outras aventuras.

 

Gérson Prado

 

 

 

Doce perfume Aos trinta e três anos, morando com a mãe, sem filhos, trabalhando e estudando, Kuanna começava a sentir necessidade, desejo e tristeza. Sua alma necessitava de mudanças, seu corpo desejava um sexo intenso e libertador e seu espírito sentia-se triste por ter se trancado por tanto tempo. Sua vontade era subir no Monte Aconcágua e gritar ao mundo que precisava ser feliz! Encontrar um homem que fosse capaz de expurgar todos os seus pecados numa noite de sexo ardente e cheia de orgasmos, como há muito não sentia. Todo seu corpo queimava só de imaginar e isto a deixava incomodada, pois, além de estar presa às convenções e convicções, ainda pesava sobre seu peito as correntes do passado. Não conseguira esquecer totalmente Heitor ou sua própria decisão, contestável ao longo desses seis anos. Jamais iria saber. Constantemente lembrava-se de quando se conheceram, os primeiros olhares, os primeiros beijos e claro, a primeira transa.  Mesmo sem sentir-se a mais bela das mulheres Kuanna com seus um metro e setenta, pele negra, cabelos alisados, olhos castanhos, lábios carnudos sensuais, seios médios, um belo par de pernas, uma bunda bem feita, deixava o namorado enlouquecido. Lembrava-se com carinho e muitas saudades, às vezes, em que ele lhe mordiscava a boca com lascívia, falando ao seu ouvido baixinho, com a voz rouca: “Quero você! ”. Completamente arrepiada ela sorria, fazia charme, fugia..., até o dia em que ele a surpreendeu em casa sozinha e enrolada numa toalha. Sobressaltada, sem jeito e seminua ela só conseguiu dizer: - Não esperava você aqui! - Eu sei. – Disse ele. – Estava passando por perto e decidi fazer uma visitinha. Mal fechou a boca Heitor partiu para o ataque. Rasgou um beijo ávido nos lábios carnudos de Kuanna, deixando-a sem fôlego, sem chão e sem a toalha. Ao ver aqueles seios intumescidos ele não teve dúvidas e começou a massageá-los com as mãos, fazendo a mulher desprender alguns gemidos, interrompidos pelos protestos: - Não Heitor! A mamãe pode chegar a qualquer momento. Para! Completamente ensandecido, surdo e cheio de tesão, ele puxou-a para si, envolvendo os seus lábios, mordendo-os, beijando e quando viu que a resistência diminuíra, abocanhou os mamilos, lambendo-lhe os bicos, engolindo, ao mesmo tempo, em que acarinhava a gruta molhada, alucinando a mulher que estremecia e gemia de prazer. Sem poder de reação, Kuanna viu-se atirada ao sofá, pernas abertas e a língua maravilhosa de Heitor passeando por seu sexo com fome, sede e muita habilidade. Percorrendo os grandes lábios, ele parecia brincar com seu prazer, pois, ao sentir que ela gemia mais alto, enfiava a língua dentro dela, envolvendo seu clitóris com sua boca, apertando-o e voltando a chupar com força, deixando-a louca. Insana, Kuanna começa a gemer cada vez mais alto e a pedir: - Chupa! Vai chupa que vou gozar... O corpo da mulher estremeceu furiosamente. Seus olhos reviraram, suas unhas cravaram-se na pele do homem, que tinha no brilho dos olhos a mostra da satisfação e quando ela ainda sentia a força do prazer, ele impõe seu mastro à boca carnuda da mulher que o engole furiosamente, levando-o até o limite da garganta para depois lambe-lo até sua ponta, voltando com a língua deslizando até sua base, deixando Heitor alucinado com sua destreza. Sem roupas, sem juízo e sem a mãe por perto, Kuanna ajeita-se de quatro, oferecendo o sexo encharcado de prazer e desejo ao namorado, que sem piscar, preenche-a completamente, iniciando movimentos de vai e vem entrando e saindo do centro dela, cada vez com mais força, mais volúpia, mais rapidez e mais profundidade. Mais uma vez ela grita, mexe, rebola, geme e goza. Suada e extenuada ela deita-se de frente no sofá, ancas abertas pedindo um pouco mais de prazer. Solícito, Heitor penetra carinhosamente no meio das pernas da mulher, mexendo, rebolando gostoso, abraçado a ela que clama: - Vai amor! Goza dentro de mim! Que delíciaaaa... Então, ele aumenta a velocidade das estocadas, dos rebolos e juntos explodem num gozo único. Refeitos e apressados, devido a eminência da mãe dela retornar, Heitor vai embora deixando uma mulher satisfeita e mais apaixonada que nunca.  O amor e o desejo florescem espantosamente e após dois anos Kuanna aceita o pedido de noivado emocionado do futuro esposo. A cada dia passam mais tempo juntos. Se amam, se conhecem, dividem responsabilidades e se preparam para o grande passo de suas vidas. Entretanto, ela começa a sentir o peso da vida conjugal bem antes de oficializá-la. Heitor passa a ser um homem acomodado, sem sonhos, fazendo com que Kuanna ponha em dúvidas sua decisão e a questionar-se se não se precipitara, se era mesmo aquela vida que queria para si. Aos poucos a relação vai tornando-se complicada e as discussões são cada vez mais frequentes, o sexo sem o mesmo sabor e faltando pouco mais de um ano para o casamento ela chama Heitor para uma conversa definitiva: - Heitor. Não estou suportando mais. – Desabafa ela. - Suportando o que amor? – Indaga ele surpreso. - Com essa sua moleza! Tudo sou eu quem resolvo. Você não se mexe para nada! – Acusa Kuanna. - Não estou te entendendo. Você quer fazer tudo sozinha, quase não pede minha opinião e agora vem me culpar? – Revolta-se Heitor. - Claro! Se eu não tomar a frente as coisas não se resolvem. Isto está me acabando.  - O que quer que faça? Cada um tem seu jeito e você não é perfeita. É grossa, individualista, arrogante, recalcada e muitas vezes, fria! – Explode ele. - Ótimo! Então, não vejo motivos para casarmos! Vá embora! – Sentenciou ela. - Calma! Não é assim que se resolve as coisas. Você está nervosa. Vamos conversar amanhã com mais calma. Nós nos amamos! – Amenizou Heitor. - Não há mais nada para ser conversado. Você disse o que pensava e eu também. Não existem consertos nem ponderações a serem feitas. Vá embora! – Repetiu ela com mais ênfase. Com a esperança ainda acesa no peito, Heitor tentou dar-lhe um beijo antes de sair, sendo recusado e totalmente ignorado pela mulher que se encontrava muito chateada. O tempo foi passando e apesar de todas as tentativas de reaproximação dele, Kuanna estava cada dia mais distante, fechada e amarga. Atirou-se completamente ao trabalho, sem dar qualquer tipo de chance ao amor e um ano depois recebeu o convite de casamento de Heitor com muita raiva, inveja e tristeza. O mundo acabou de desabar em suas costas e a partir desse dia ela fora apenas e tão somente uma sombra da mulher que projetara ser. Desacreditada do amor, sem desejo, sem sexo e sem rumo. Dedicava-se integralmente ao trabalho e a família, esquecendo de si, de viver. Mas, agora cinco anos depois, Kuanna sentia necessidade de beijos, de mãos, de prazer e principalmente de liberdade. Precisava libertar-se do passado, das convicções e mais do que nunca dela mesma. Iniciou sua mudança atirando fora coisas que lhe remetiam ao passado tão dolorido. Fotos de Heitor ainda guardadas, o convite seu casamento, as alianças que compraram juntos, tudo que de alguma forma a aprisionasse naquele labirinto sem saída, sem luz. Cansara de ser certinha, de dispensar os ficantes após o segundo encontro por medo de se dar, se entregar, se apaixonar. Daquele momento, em diante, Kuanna se permitiria ser feliz, ainda que por breves momentos. Numa sexta-feira, Kuanna encontrava-se em sua loja vestida numa minissaia preta, uma blusa de alças branca, maquiada e sentindo-se totalmente ousada para seus padrões, quando adentrou um homem alto, branco, olhos verdes, cabelos compridos e um sorriso que a encantou. Suas pernas tremeram e o desconhecido aproximou-se pedindo informações sobre um dos produtos. Muito gentil, a conversa se alongou mais que o necessário e as trocas de gentileza terminaram num convite para saírem à noite. A princípio ela pensou em recusar, mas estava disposta a ser uma nova mulher, a ter a tão desejada noite de prazer e aquela poderia ser essa oportunidade. Pensando assim, aceitou sair com o homem de nome Josué, às vinte horas, daquele mesmo dia. Claro que passou o dia imaginando, se recriminando, pensando em desistir. Porém, às vinte horas Kuanna entrava em seu carro linda, insegura e em crise consigo. Vinte minutos depois encontrava-se com Josué num barzinho à beira-mar e no seu íntimo já descartava o próximo encontro, pois, discordava da forma como ele se vestira para encontrá-la. Com uma bermuda xadrez vermelha e branca, uma camisa gola polo verde e sapatênis preto, o homem desmanchou-se num sorriso de orelha a orelha ao avistá-la. Ao aproximarem-se trocaram dois beijos nos rostos e quando ele estendeu a cadeira para que sentasse, encantou a mulher que lhe devolveu um lindo sorriso. Conversaram generalidades, banalidades e sorriram um pouco, até que Josué tentou beijá-la, sendo impedido, recebendo uma explicação: - Desculpe, Josué. Mas, não sou essas mulheres que está acostumado a sair. Venho de uma relação complicada e.... Sem esperar Kuanna sentiu sua boca ser invadida por uma língua quente e voraz, retirando seu ar dos pulmões e sem conseguir se desprender, correspondeu ao ato, que lhe pareceu muito bom, depois. A cada vez que ela tentava argumentar algo ele a beijava, deixando-a irritada e excitada ao mesmo tempo. Sem qualquer cerimônia Josué solicitou a conta, coloco-a em seu carro e invadiu o motel, com a mulher muda, insegura, cheia de expectativas e medo, muito medo. Ao entrarem no quarto Kuanna permaneceu estática, de pé, enquanto ele já se apressava em tomar banho, voltando em poucos minutos, de cueca, com o corpo todo molhado perguntando-a: - Que foi, anjo? Vai ficar aí parada? - Estou nervosa! Não costumo fazer isso! – Falou ela. Aproximando-se dela, Josué aplicou-lhe um beijo, deixando-a ser fôlego, ao mesmo tempo que tentava levantar o vestido longo, buscando alcançar seu sexo, sentindo suas pernas bambas. Ele só pensava numa forma de arrancar aquela roupa da mulher e ela, que teria que agir diferente. Precisava mudar. Travando sua luta interior, Kuanna permitiu que o vestido caísse ao chão, seu sutiã fosse arrancado e quando Josué viu a calcinha bege enorme que ela vestia, desanimou-se e ela perguntou: - Que foi? Aconteceu algo? - Não. Está tudo bem. Vamos tomar um banho para relaxarmos. – Fingiu ele, puxando-a pelo braço delicadamente. Iniciaram algumas carícias antes da água cobrir-lhes o corpo, sendo a primeira providência dele, retirar aquela peça broxante. Saíram do banho e ao chegarem na cama, Josué embrenhou sua língua por dentro do sexo da mulher que imediatamente reagiu aos toques com gemidos, rebolados e gozos. Vagarosamente ele reiniciou as carícias da ponta dos pés dela até o queixo, passando pela boca, nuca, pescoço, voltando aos mamilos, mordiscando seus bicos, arrepiando a mulher inteira, desfazendo suas defesas completamente. Ao retornar sua atenção à gruta molhada da mulher, ele a abocanhou completamente, como se a fosse engolir, pressionando-a e deslizando a língua por entre os lábios, fazendo com que Kuanna gritasse a plenos pulmões: - Assim eu gooooozooo... Totalmente trêmula, espasmos tomaram conta do corpo dela, que gemia, berrava, apertava a cabeça do homem, colado à sua vagina, lambendo-a furiosamente. Quando as correntes elétricas que percorreriam seu corpo se desfizeram, ele levantou-se, ficando de joelhos, com o rosto da mulher a sua frente e quando infringia-lhe o mastro a boca, ela virou-se dizendo: - Isto eu não faço! Surpreso e decepcionado, Josué pergunta: - Porque? - Não gosto! – Responde ela meio irritada. - Mentira! Nunca fez? – Indaga ele admirado. - Já. Em uma pessoa e me senti rebaixada. Fiz por que o amava. Desolado, sem clima e irritado, Josué não gozaria naquela noite. Ao menos não com Kuanna, que naquele mesmo instante em seu íntimo sabia que não voltaria mais a vê-lo. Frustrada, inibida, resistente às mudanças que ela mesma se impunha, Kuanna decidiu dar-se um tempo. Deixaria que as transformações acontecessem sem forçar, sem interferir. No fundo sabia que não dependia de um homem, que teria que fazer essa mudança de dentro para fora e mais uma vez refugiou-se no trabalho e na família. De vez em quando saía. Ia à praia, cinema, teatro, mas sentia-se muito mal em estar sempre sozinha. A tristeza voltava a lhe abater, se pegou lembrando de Heitor, questionou sua decisão de romper o noivado mais uma vez e noutras tantas chorou agarrada ao seu mais fiel amigo: seu travesseiro. O único que sabia de suas fraquezas, de suas decepções, de suas angústias. Foram dois meses reclusa em si mesma, até voltar a lembrar das mudanças, dos prazeres e da vontade louca de gritar que necessitava ser feliz. No entanto, não bastava querer. Tinha que cortar às amarras, ter prazer em ter e dar prazer. Libertar-se, principalmente dela mesma. Renovando seu guarda-roupas, Kuanna deu o ponta pé inicial nas transformações. Peças mais sensuais, maquiagens que favoreciam seus lábios carnudos e até as peças íntimas foram trocadas. Nada de calcinhas tamanho g de cor bege! A nova mulher ansiava por sair. Um mês depois, Kuanna arriscava sair com as amigas para a balada, bebericava, sorria, se divertia, experimentava sensações que nunca havia sentido. Estava se libertando, mas ainda faltava a tão sonhada noite de prazer! Numa dessas noites, ela abusou um pouco da bebida e resolveu ir para casa de táxi, deixando seu carro na boate, assim como as amigas. Não se sentia bem e sabia que ainda teria que ouvir as reclamações da mãe quando chegasse. Então, despediu-se e acenou para o primeiro carro que passava. Um veículo parou e de dentro um sorriso iluminado se abriu para ela, deixando-a sem jeito ao perceber que não era um táxi. O homem sorriu e perguntou: - Está indo para onde? - Desculpe! Pensei que fosse um táxi. – Justificou-se ela. - Tudo bem, mas está indo para onde? – Insistiu o cidadão. - Para casa. – Despistou Kuanna. - E onde fica sua casa? – Persiste ele. - Há meia hora daqui. – Responde finalmente ela. - Posso te levar se quiser. Não passam muitos táxis por aqui. Ainda mais a esta hora. – Argumentou o homem. - Não, obrigado. Vou caminhando. – Falou ela, meio cambaleante. Decidido, ele encostou o veículo na calçada, desceu e disse: - Não me parece em condições de caminhar. Além disso, é perigoso. - Você também pode ser perigoso. Não te conheço. – Afirma ela. - Verdade! Meu nome é Yeshua’a e o seu? – Pergunta ele, estendendo-lhe a mão.   - Ye o que? – Estranha ela. - Yeshua’a. Significa Salvador. É um nome Israelita. Meus pais são israelenses.  – Explica ele. - Ah, tudo bem. Meu nome é Kuanna. É indígena e significa Doce perfume e não sou filha de índios. – Diz ela sorrindo. - Então, Doce perfume. Posso te levar em casa agora que já nos conhecemos?  – Insistiu Yeshua’a. Pensando ela murmurou: - É pode ser a minha única salvação. - O que? Perguntou ele sem entender. - Nada. Disse que não tenho outra opção. - Na vida sempre temos outra opção. – Ponderou ele, pegando-a delicadamente por uma das mãos, já que caminhava com dificuldades e conduzindo-a até o automóvel, abrindo a porta para ela.  Desconfiada e lutando contra Morfeu, que insistia em fechar-lhe os olhos, mal conversaram e quando chegaram ao destino, ela desceu agradecendo não só a ele, mas também a Deus por nada ter-lhe acontecido e por ter colocado aquele homem tão generoso em seu caminho naquele dia. Despediu-se e quando já abria o portão de casa, percebeu um carro se aproximando e aquele sorriso brilhando em seu interior. Sua alma gelou. Pensou em correr, mas algo a detinha e quando viu Yeshua’a descer, mil coisas passaram por sua cabeça. Mais uma vez, o sorriso dócil se apresentou e ele disse: - Gostaria de tornar a vê-la. Embaraçada, estática e automática, Kuanna tateou sua bolsa, que parecia ser enorme diante do seu medo, retirou um cartão de visitas e entregou ao homem apressadamente. Ele examinou com cuidado e depois de pegar as mãos trêmulas da mulher perguntou: - Está com medo? - Muito. – Atirou ela. - Se tivesse que fazer algo com você teria feito. Mas, entendo. Tchau. Após entrar e trancar o portão a mulher ficou parada, olhando o veículo se afastar. Ressaca e falação! Assim começou o sábado de Kuanna. Não fosse a mãe reclamar tanto ficaria o dia inteiro na cama, mas como isto não seria possível, pegou a sobrinha e resolveu dar um passeio pela orla da cidade. Enquanto dirigia viu o celular tocar várias vezes, mas não atendia ligações ao volante e deixou para ver depois. Caminhou com a menina por alguns minutos, beberam água de coco, tomaram sorvete e quando se sentaram na pequena pracinha, o aparelho voltou a tocar insistentemente. Olhou para o visor e não reconheceu o número, pensou em rejeitar a chamada ou simplesmente não atender. Poderia ser um cliente chato, em pleno final de semana. Mas, como a pessoa não desistia atendeu: - Alô!  - Bom dia! É o perfume mais doce da cidade? – Falou a voz do outro lado. - Quem é? – Perguntou ela. - Yeshua’a. Seu Salvador! Um sorriso preencheu o interior da mulher por inteiro. Suas pernas bambearam, um calafrio percorreu seu corpo e sem conseguir disfarçar a alegria na voz ela falou: - Bom dia! Tudo bem? - Melhor agora que o seu perfume invade meus pulmões, irradiando meu dia. – Galanteou ele. - Por telefone? – Quis saber ela, sorrindo. - Qual distância pode aprisionar uma alma ensolarada e a magia do destino? – Volta ele inspirado. - Você é sempre assim? – Indaga ela. - Não. Claro que não. Esta é a segunda vez. – Responde ele. Mesmo desconfiando da resposta ela insiste: - E quando foi a primeira? - Hoje pela madrugada, quando encontrei uma linda índia perdida. - Não sou índia e nem estava perdida. – Afirma Kuanna, sorrindo. - Estaria se o destino não me levasse até você. – Profetiza ele. - Está me cobrando pelo seu serviço? – Brinca ela. - Sim, claro! Como pagamento sugiro um jantar hoje. Que acha? Por alguns segundos Kuanna ficou quieta, calada, estabelecendo um silêncio entre os dois que só fora interrompido por ele: - Que horas passo para te pegar? - Eu não disse que aceitaria. – Falou ela. - A palavra mais fácil de se pronunciar é “Não”. O silêncio significa dúvida e se está em dúvida é por que a ideia lhe apraz. Passo às dezenove horas, certo? Com os pensamentos embaralhados, ela não sabe o que dizer e recorre a velha Kuanna: - Nós não nos conhecemos e se pensa que... - Certo. Dezenove horas estarei lá. Beijos.  A ligação é interrompida deixando a mulher possessa e feliz. Yeshua’a parecia ser diferente dos homens que conhecera. Era espirituoso, alegre, inspirado, educado e cavalheiro. “Se daria esta oportunidade!” – Pensou ela. O relógio cumpriu sua maratona e, às dezenove horas, uma buzina intermitente acusava a chegada de Yeshua’a. Ao abrir a porta Kuanna deu de cara com um homem de estatura mediana, cabelos negros feito a noite, olhos oblíquos castanhos, pele extremamente bronzeada que contrastavam com um lindo sorriso branco, vestido numa calça jeans azul clara, uma camisa azul de mesmo tom e um blazer azul escuro, parado à frente de uma Mercedes branca a espera-la. “Ele parecia ser mais índio que ela.” – Pensou Kuanna. Gentilmente ele a pegou por uma das mãos, repetindo o gesto da madrugada e a conduziu ao interior do veículo, sempre sorridente. Dando partida no motor ele perguntou: - Como foi seu dia? - Cansativo. – Respondeu ela. - Trabalhou hoje?  - Não. Mas, minha mãe reclamou o dia inteiro porque cheguei tarde. – Explicou ela sem jeito. Percebendo que ela não ficara a vontade com a situação Yeshua’a, deixou o silêncio e a magia da noite enluarada tomarem suas almas, seguindo assim até o restaurante. Ao chegarem o garçom se aproximou, Yeshua’a escolheu um bom vinho e voltaram a conversar: - Você é daquela religião que ora para Meca? Daqueles que... - Todo deficiente é visual? Todo negro é pobre ou ladrão? – Perguntou ele, visivelmente chateado pela insinuação dela. - Desculpe, Yeshua’a. Não pretendia lhe ofender. – Redimiu-se ela. - Não ofendeu. É que estou cansado de ouvir essa mesma pergunta. As pessoas são preconceituosas e isto me irrita. Meus pais são Israelenses. Nem todo israelense é muçulmano e nem todo muçulmano é fundamentalista. Além do mais, eu nasci no Brasil. - Entendo. Me perdoe. – Insiste ela. - Tudo bem. Fale-me de você. – Pediu Yeshua’a. A mulher passou a falar sobre sua vida, suas alegrias, que não eram muitas, suas dores, omitindo claro, certas particularidades que eram desnecessárias, ao menos naquele momento. Não queria apresenta-lo, à mulher amarga, no primeiro encontro. Muito inteligente e bem-humorado, ele fez com que a conversa tomasse um rumo descontraído, deixando-a relaxada. O jantar fora servido sob olhares lânguidos de ambas as partes, com risadas, almejos, palavras não ditas e quando chegavam à casa de Kuanna, Yeshua’a beijo-a delicadamente os lábios, com uma leveza que fizera a mulher flutuar, seu corpo queimar e ao se despedirem a certeza de que desejavam muito mais do que aquele simples beijo, fincou sua bandeira em seus corações.  O domingo lhes proporcionou um novo encontro e após um passeio à beira-mar de mãos dadas, Yeshua’a levou-a para seu apartamento e pela primeira vez em muitos anos Kuanna queria se dar, sentia a vontade de ser a mulher que talvez nunca fora e quando ele, beijou seus lábios com aquela delicadeza que desencadeava um ritmo frenético em sua alma, ela deixou-se conduzir ao paraíso dos amantes. Colocando uma música suave de fundo, ele retirou sua blusa, depois o sutiã, deixando a calcinha vermelha fio dental, cobrindo um pouco da nudez da mulher. Entregue, à vontade e decidida, ela permitiu-se sentir a língua dele deslizando por seus mamilos intumescidos, por seu umbigo, por seu ventre e ao chegar na entrada da gruta, Kuanna desprendeu um gemido alto e estridente de prazer, de gozo, fazendo todo seu corpo contrair-se, rasgando a pele do homem com suas garras afiadas de loba no cio. Quanto mais ela gemia, mais Yeshua’a aprofundava a língua nas carícias, causando orgasmos múltiplos e avassaladores na mulher, que já não tinha noção de qualquer coisa. Agradecida, enlouquecida ela instintivamente abocanhou o mastro do homem com fome e determinação, levando-o até o final da garganta, olhando para seu prazer. Yeshua’a se contorcia, gemia, desprendia palavras inaudíveis, apertava um dos mamilos da mulher e se esforçava para alcançar sua gruta com a outra mão, fazendo o prazer da mulher se multiplicar. Sem avisar e sem que ela esperasse, Yeshua’a carregou-a, levando até o quarto, onde a esperava uma linda e macia cama, ansiosa por testemunhar o encontro daquelas almas sedentas. Colocando a mulher de costas no leito, ele a penetrou com virilidade, estocadas firmes, levando a loba a cantar seu cio em alto e bom som, propagando a beleza de seu orgasmos ao universo. Despida da antiga mulher, Kuanna berra: - Mete! Vai! Fundo! Estou gozando... Enquanto a mulher goza despudoradamente ele retira rapidamente o membro do seu interior, lambendo seu sexo em chamas fazendo ecoar um grito que sibila pelas paredes, ecoando pelo Monte Aconcágua atingindo o Himalaia, derretendo toda a frieza contida naquela alma que agora brilha renascida e liberta. A Kuanna cabe apenas deixar-se ser colocada de quatro e sentir a verga apunhalando-lhe as entranhas, aquecendo seu íntimo no pulsar daquele homem que esporra seu néctar, salvando-a de si mesma, gritando ao mundo que gozara mais uma vez e que era feliz.  Gérson Prado

Doce perfume

Aos trinta e três anos, morando com a mãe, sem filhos, trabalhando e estudando, Kuanna começava a sentir necessidade, desejo e tristeza. Sua alma necessitava de mudanças, seu corpo desejava um sexo intenso e libertador e seu espírito sentia-se triste por ter se trancado por tanto tempo. Sua vontade era subir no Monte Aconcágua e gritar ao mundo que precisava ser feliz! Encontrar um homem que fosse capaz de expurgar todos os seus pecados numa noite de sexo ardente e cheia de orgasmos, como há muito não sentia. Todo seu corpo queimava só de imaginar e isto a deixava incomodada, pois, além de estar presa às convenções e convicções, ainda pesava sobre seu peito as correntes do passado. Não conseguira esquecer totalmente Heitor ou sua própria decisão, contestável ao longo desses seis anos. Jamais iria saber. Constantemente lembrava-se de quando se conheceram, os primeiros olhares, os primeiros beijos e claro, a primeira transa.  Mesmo sem sentir-se a mais bela das mulheres Kuanna com seus um metro e setenta, pele negra, cabelos alisados, olhos castanhos, lábios carnudos sensuais, seios médios, um belo par de pernas, uma bunda bem feita, deixava o namorado enlouquecido. Lembrava-se com carinho e muitas saudades, às vezes, em que ele lhe mordiscava a boca com lascívia, falando ao seu ouvido baixinho, com a voz rouca: “Quero você! ”. Completamente arrepiada ela sorria, fazia charme, fugia..., até o dia em que ele a surpreendeu em casa sozinha e enrolada numa toalha. Sobressaltada, sem jeito e seminua ela só conseguiu dizer:

- Não esperava você aqui!

- Eu sei. – Disse ele. – Estava passando por perto e decidi fazer uma visitinha.

Mal fechou a boca Heitor partiu para o ataque. Rasgou um beijo ávido nos lábios carnudos de Kuanna, deixando-a sem fôlego, sem chão e sem a toalha. Ao ver aqueles seios intumescidos ele não teve dúvidas e começou a massageá-los com as mãos, fazendo a mulher desprender alguns gemidos, interrompidos pelos protestos:

- Não Heitor! A mamãe pode chegar a qualquer momento. Para!

Completamente ensandecido, surdo e cheio de tesão, ele puxou-a para si, envolvendo os seus lábios, mordendo-os, beijando e quando viu que a resistência diminuíra, abocanhou os mamilos, lambendo-lhe os bicos, engolindo, ao mesmo tempo, em que acarinhava a gruta molhada, alucinando a mulher que estremecia e gemia de prazer. Sem poder de reação, Kuanna viu-se atirada ao sofá, pernas abertas e a língua maravilhosa de Heitor passeando por seu sexo com fome, sede e muita habilidade. Percorrendo os grandes lábios, ele parecia brincar com seu prazer, pois, ao sentir que ela gemia mais alto, enfiava a língua dentro dela, envolvendo seu clitóris com sua boca, apertando-o e voltando a chupar com força, deixando-a louca. Insana, Kuanna começa a gemer cada vez mais alto e a pedir:

- Chupa! Vai chupa que vou gozar...

O corpo da mulher estremeceu furiosamente. Seus olhos reviraram, suas unhas cravaram-se na pele do homem, que tinha no brilho dos olhos a mostra da satisfação e quando ela ainda sentia a força do prazer, ele impõe seu mastro à boca carnuda da mulher que o engole furiosamente, levando-o até o limite da garganta para depois lambe-lo até sua ponta, voltando com a língua deslizando até sua base, deixando Heitor alucinado com sua destreza. Sem roupas, sem juízo e sem a mãe por perto, Kuanna ajeita-se de quatro, oferecendo o sexo encharcado de prazer e desejo ao namorado, que sem piscar, preenche-a completamente, iniciando movimentos de vai e vem entrando e saindo do centro dela, cada vez com mais força, mais volúpia, mais rapidez e mais profundidade. Mais uma vez ela grita, mexe, rebola, geme e goza. Suada e extenuada ela deita-se de frente no sofá, ancas abertas pedindo um pouco mais de prazer. Solícito, Heitor penetra carinhosamente no meio das pernas da mulher, mexendo, rebolando gostoso, abraçado a ela que clama:

- Vai amor! Goza dentro de mim! Que delíciaaaa...

Então, ele aumenta a velocidade das estocadas, dos rebolos e juntos explodem num gozo único. Refeitos e apressados, devido a eminência da mãe dela retornar, Heitor vai embora deixando uma mulher satisfeita e mais apaixonada que nunca.

O amor e o desejo florescem espantosamente e após dois anos Kuanna aceita o pedido de noivado emocionado do futuro esposo. A cada dia passam mais tempo juntos. Se amam, se conhecem, dividem responsabilidades e se preparam para o grande passo de suas vidas. Entretanto, ela começa a sentir o peso da vida conjugal bem antes de oficializá-la. Heitor passa a ser um homem acomodado, sem sonhos, fazendo com que Kuanna ponha em dúvidas sua decisão e a questionar-se se não se precipitara, se era mesmo aquela vida que queria para si. Aos poucos a relação vai tornando-se complicada e as discussões são cada vez mais frequentes, o sexo sem o mesmo sabor e faltando pouco mais de um ano para o casamento ela chama Heitor para uma conversa definitiva:

- Heitor. Não estou suportando mais. – Desabafa ela.

- Suportando o que amor? – Indaga ele surpreso.

- Com essa sua moleza! Tudo sou eu quem resolvo. Você não se mexe para nada! – Acusa Kuanna.

- Não estou te entendendo. Você quer fazer tudo sozinha, quase não pede minha opinião e agora vem me culpar? – Revolta-se Heitor.

- Claro! Se eu não tomar a frente as coisas não se resolvem. Isto está me acabando.

- O que quer que faça? Cada um tem seu jeito e você não é perfeita. É grossa, individualista, arrogante, recalcada e muitas vezes, fria! – Explode ele.

- Ótimo! Então, não vejo motivos para casarmos! Vá embora! – Sentenciou ela.

- Calma! Não é assim que se resolve as coisas. Você está nervosa. Vamos conversar amanhã com mais calma. Nós nos amamos! – Amenizou Heitor.

- Não há mais nada para ser conversado. Você disse o que pensava e eu também. Não existem consertos nem ponderações a serem feitas. Vá embora! – Repetiu ela com mais ênfase.

Com a esperança ainda acesa no peito, Heitor tentou dar-lhe um beijo antes de sair, sendo recusado e totalmente ignorado pela mulher que se encontrava muito chateada. O tempo foi passando e apesar de todas as tentativas de reaproximação dele, Kuanna estava cada dia mais distante, fechada e amarga. Atirou-se completamente ao trabalho, sem dar qualquer tipo de chance ao amor e um ano depois recebeu o convite de casamento de Heitor com muita raiva, inveja e tristeza. O mundo acabou de desabar em suas costas e a partir desse dia ela fora apenas e tão somente uma sombra da mulher que projetara ser. Desacreditada do amor, sem desejo, sem sexo e sem rumo. Dedicava-se integralmente ao trabalho e a família, esquecendo de si, de viver. Mas, agora cinco anos depois, Kuanna sentia necessidade de beijos, de mãos, de prazer e principalmente de liberdade. Precisava libertar-se do passado, das convicções e mais do que nunca dela mesma. Iniciou sua mudança atirando fora coisas que lhe remetiam ao passado tão dolorido. Fotos de Heitor ainda guardadas, o convite seu casamento, as alianças que compraram juntos, tudo que de alguma forma a aprisionasse naquele labirinto sem saída, sem luz. Cansara de ser certinha, de dispensar os ficantes após o segundo encontro por medo de se dar, se entregar, se apaixonar. Daquele momento, em diante, Kuanna se permitiria ser feliz, ainda que por breves momentos.

Numa sexta-feira, Kuanna encontrava-se em sua loja vestida numa minissaia preta, uma blusa de alças branca, maquiada e sentindo-se totalmente ousada para seus padrões, quando adentrou um homem alto, branco, olhos verdes, cabelos compridos e um sorriso que a encantou. Suas pernas tremeram e o desconhecido aproximou-se pedindo informações sobre um dos produtos. Muito gentil, a conversa se alongou mais que o necessário e as trocas de gentileza terminaram num convite para saírem à noite. A princípio ela pensou em recusar, mas estava disposta a ser uma nova mulher, a ter a tão desejada noite de prazer e aquela poderia ser essa oportunidade. Pensando assim, aceitou sair com o homem de nome Josué, às vinte horas, daquele mesmo dia. Claro que passou o dia imaginando, se recriminando, pensando em desistir. Porém, às vinte horas Kuanna entrava em seu carro linda, insegura e em crise consigo. Vinte minutos depois encontrava-se com Josué num barzinho à beira-mar e no seu íntimo já descartava o próximo encontro, pois, discordava da forma como ele se vestira para encontrá-la. Com uma bermuda xadrez vermelha e branca, uma camisa gola polo verde e sapatênis preto, o homem desmanchou-se num sorriso de orelha a orelha ao avistá-la. Ao aproximarem-se trocaram dois beijos nos rostos e quando ele estendeu a cadeira para que sentasse, encantou a mulher que lhe devolveu um lindo sorriso. Conversaram generalidades, banalidades e sorriram um pouco, até que Josué tentou beijá-la, sendo impedido, recebendo uma explicação:

- Desculpe, Josué. Mas, não sou essas mulheres que está acostumado a sair. Venho de uma relação complicada e....

Sem esperar Kuanna sentiu sua boca ser invadida por uma língua quente e voraz, retirando seu ar dos pulmões e sem conseguir se desprender, correspondeu ao ato, que lhe pareceu muito bom, depois. A cada vez que ela tentava argumentar algo ele a beijava, deixando-a irritada e excitada ao mesmo tempo. Sem qualquer cerimônia Josué solicitou a conta, coloco-a em seu carro e invadiu o motel, com a mulher muda, insegura, cheia de expectativas e medo, muito medo. Ao entrarem no quarto Kuanna permaneceu estática, de pé, enquanto ele já se apressava em tomar banho, voltando em poucos minutos, de cueca, com o corpo todo molhado perguntando-a:

- Que foi, anjo? Vai ficar aí parada?

- Estou nervosa! Não costumo fazer isso! – Falou ela.

Aproximando-se dela, Josué aplicou-lhe um beijo, deixando-a ser fôlego, ao mesmo tempo que tentava levantar o vestido longo, buscando alcançar seu sexo, sentindo suas pernas bambas. Ele só pensava numa forma de arrancar aquela roupa da mulher e ela, que teria que agir diferente. Precisava mudar. Travando sua luta interior, Kuanna permitiu que o vestido caísse ao chão, seu sutiã fosse arrancado e quando Josué viu a calcinha bege enorme que ela vestia, desanimou-se e ela perguntou:

- Que foi? Aconteceu algo?

- Não. Está tudo bem. Vamos tomar um banho para relaxarmos. – Fingiu ele, puxando-a pelo braço delicadamente. Iniciaram algumas carícias antes da água cobrir-lhes o corpo, sendo a primeira providência dele, retirar aquela peça broxante. Saíram do banho e ao chegarem na cama, Josué embrenhou sua língua por dentro do sexo da mulher que imediatamente reagiu aos toques com gemidos, rebolados e gozos. Vagarosamente ele reiniciou as carícias da ponta dos pés dela até o queixo, passando pela boca, nuca, pescoço, voltando aos mamilos, mordiscando seus bicos, arrepiando a mulher inteira, desfazendo suas defesas completamente. Ao retornar sua atenção à gruta molhada da mulher, ele a abocanhou completamente, como se a fosse engolir, pressionando-a e deslizando a língua por entre os lábios, fazendo com que Kuanna gritasse a plenos pulmões:

- Assim eu gooooozooo...

Totalmente trêmula, espasmos tomaram conta do corpo dela, que gemia, berrava, apertava a cabeça do homem, colado à sua vagina, lambendo-a furiosamente. Quando as correntes elétricas que percorreriam seu corpo se desfizeram, ele levantou-se, ficando de joelhos, com o rosto da mulher a sua frente e quando infringia-lhe o mastro a boca, ela virou-se dizendo:

- Isto eu não faço!

Surpreso e decepcionado, Josué pergunta:

- Porque?

- Não gosto! – Responde ela meio irritada.

- Mentira! Nunca fez? – Indaga ele admirado.

- Já. Em uma pessoa e me senti rebaixada. Fiz por que o amava.

Desolado, sem clima e irritado, Josué não gozaria naquela noite. Ao menos não com Kuanna, que naquele mesmo instante em seu íntimo sabia que não voltaria mais a vê-lo.

Frustrada, inibida, resistente às mudanças que ela mesma se impunha, Kuanna decidiu dar-se um tempo. Deixaria que as transformações acontecessem sem forçar, sem interferir. No fundo sabia que não dependia de um homem, que teria que fazer essa mudança de dentro para fora e mais uma vez refugiou-se no trabalho e na família. De vez em quando saía. Ia à praia, cinema, teatro, mas sentia-se muito mal em estar sempre sozinha. A tristeza voltava a lhe abater, se pegou lembrando de Heitor, questionou sua decisão de romper o noivado mais uma vez e noutras tantas chorou agarrada ao seu mais fiel amigo: seu travesseiro. O único que sabia de suas fraquezas, de suas decepções, de suas angústias. Foram dois meses reclusa em si mesma, até voltar a lembrar das mudanças, dos prazeres e da vontade louca de gritar que necessitava ser feliz. No entanto, não bastava querer. Tinha que cortar às amarras, ter prazer em ter e dar prazer. Libertar-se, principalmente dela mesma. Renovando seu guarda-roupas, Kuanna deu o ponta pé inicial nas transformações. Peças mais sensuais, maquiagens que favoreciam seus lábios carnudos e até as peças íntimas foram trocadas. Nada de calcinhas tamanho g de cor bege! A nova mulher ansiava por sair.

Um mês depois, Kuanna arriscava sair com as amigas para a balada, bebericava, sorria, se divertia, experimentava sensações que nunca havia sentido. Estava se libertando, mas ainda faltava a tão sonhada noite de prazer! Numa dessas noites, ela abusou um pouco da bebida e resolveu ir para casa de táxi, deixando seu carro na boate, assim como as amigas. Não se sentia bem e sabia que ainda teria que ouvir as reclamações da mãe quando chegasse. Então, despediu-se e acenou para o primeiro carro que passava. Um veículo parou e de dentro um sorriso iluminado se abriu para ela, deixando-a sem jeito ao perceber que não era um táxi. O homem sorriu e perguntou:

- Está indo para onde?

- Desculpe! Pensei que fosse um táxi. – Justificou-se ela.

- Tudo bem, mas está indo para onde? – Insistiu o cidadão.

- Para casa. – Despistou Kuanna.

- E onde fica sua casa? – Persiste ele.

- Há meia hora daqui. – Responde finalmente ela.

- Posso te levar se quiser. Não passam muitos táxis por aqui. Ainda mais a esta hora. – Argumentou o homem.

- Não, obrigado. Vou caminhando. – Falou ela, meio cambaleante.

Decidido, ele encostou o veículo na calçada, desceu e disse:

- Não me parece em condições de caminhar. Além disso, é perigoso.

- Você também pode ser perigoso. Não te conheço. – Afirma ela.

- Verdade! Meu nome é Yeshua’a e o seu? – Pergunta ele, estendendo-lhe a mão. 

- Ye o que? – Estranha ela.

- Yeshua’a. Significa Salvador. É um nome Israelita. Meus pais são israelenses.

– Explica ele.

- Ah, tudo bem. Meu nome é Kuanna. É indígena e significa Doce perfume e não sou filha de índios. – Diz ela sorrindo.

- Então, Doce perfume. Posso te levar em casa agora que já nos conhecemos?

 – Insistiu Yeshua’a.

Pensando ela murmurou:

- É pode ser a minha única salvação.

- O que? Perguntou ele sem entender.

- Nada. Disse que não tenho outra opção.

- Na vida sempre temos outra opção. – Ponderou ele, pegando-a delicadamente por uma das mãos, já que caminhava com dificuldades e conduzindo-a até o automóvel, abrindo a porta para ela.

Desconfiada e lutando contra Morfeu, que insistia em fechar-lhe os olhos, mal conversaram e quando chegaram ao destino, ela desceu agradecendo não só a ele, mas também a Deus por nada ter-lhe acontecido e por ter colocado aquele homem tão generoso em seu caminho naquele dia. Despediu-se e quando já abria o portão de casa, percebeu um carro se aproximando e aquele sorriso brilhando em seu interior. Sua alma gelou. Pensou em correr, mas algo a detinha e quando viu Yeshua’a descer, mil coisas passaram por sua cabeça. Mais uma vez, o sorriso dócil se apresentou e ele disse:

- Gostaria de tornar a vê-la.

Embaraçada, estática e automática, Kuanna tateou sua bolsa, que parecia ser enorme diante do seu medo, retirou um cartão de visitas e entregou ao homem apressadamente. Ele examinou com cuidado e depois de pegar as mãos trêmulas da mulher perguntou:

- Está com medo?

- Muito. – Atirou ela.

- Se tivesse que fazer algo com você teria feito. Mas, entendo. Tchau.

Após entrar e trancar o portão a mulher ficou parada, olhando o veículo se afastar.

Ressaca e falação! Assim começou o sábado de Kuanna. Não fosse a mãe reclamar tanto ficaria o dia inteiro na cama, mas como isto não seria possível, pegou a sobrinha e resolveu dar um passeio pela orla da cidade. Enquanto dirigia viu o celular tocar várias vezes, mas não atendia ligações ao volante e deixou para ver depois. Caminhou com a menina por alguns minutos, beberam água de coco, tomaram sorvete e quando se sentaram na pequena pracinha, o aparelho voltou a tocar insistentemente. Olhou para o visor e não reconheceu o número, pensou em rejeitar a chamada ou simplesmente não atender. Poderia ser um cliente chato, em pleno final de semana. Mas, como a pessoa não desistia atendeu:

- Alô!

- Bom dia! É o perfume mais doce da cidade? – Falou a voz do outro lado.

- Quem é? – Perguntou ela.

- Yeshua’a. Seu Salvador!

Um sorriso preencheu o interior da mulher por inteiro. Suas pernas bambearam, um calafrio percorreu seu corpo e sem conseguir disfarçar a alegria na voz ela falou:

- Bom dia! Tudo bem?

- Melhor agora que o seu perfume invade meus pulmões, irradiando meu dia. – Galanteou ele.

- Por telefone? – Quis saber ela, sorrindo.

- Qual distância pode aprisionar uma alma ensolarada e a magia do destino? – Volta ele inspirado.

- Você é sempre assim? – Indaga ela.

- Não. Claro que não. Esta é a segunda vez. – Responde ele.

Mesmo desconfiando da resposta ela insiste:

- E quando foi a primeira?

- Hoje pela madrugada, quando encontrei uma linda índia perdida.

- Não sou índia e nem estava perdida. – Afirma Kuanna, sorrindo.

- Estaria se o destino não me levasse até você. – Profetiza ele.

- Está me cobrando pelo seu serviço? – Brinca ela.

- Sim, claro! Como pagamento sugiro um jantar hoje. Que acha?

Por alguns segundos Kuanna ficou quieta, calada, estabelecendo um silêncio entre os dois que só fora interrompido por ele:

- Que horas passo para te pegar?

- Eu não disse que aceitaria. – Falou ela.

- A palavra mais fácil de se pronunciar é “Não”. O silêncio significa dúvida e se está em dúvida é por que a ideia lhe apraz. Passo às dezenove horas, certo?

Com os pensamentos embaralhados, ela não sabe o que dizer e recorre a velha Kuanna:

- Nós não nos conhecemos e se pensa que...

- Certo. Dezenove horas estarei lá. Beijos.

A ligação é interrompida deixando a mulher possessa e feliz. Yeshua’a parecia ser diferente dos homens que conhecera. Era espirituoso, alegre, inspirado, educado e cavalheiro. “Se daria esta oportunidade!” – Pensou ela.

O relógio cumpriu sua maratona e, às dezenove horas, uma buzina intermitente acusava a chegada de Yeshua’a. Ao abrir a porta Kuanna deu de cara com um homem de estatura mediana, cabelos negros feito a noite, olhos oblíquos castanhos, pele extremamente bronzeada que contrastavam com um lindo sorriso branco, vestido numa calça jeans azul clara, uma camisa azul de mesmo tom e um blazer azul escuro, parado à frente de uma Mercedes branca a espera-la. “Ele parecia ser mais índio que ela.” – Pensou Kuanna. Gentilmente ele a pegou por uma das mãos, repetindo o gesto da madrugada e a conduziu ao interior do veículo, sempre sorridente. Dando partida no motor ele perguntou:

- Como foi seu dia?

- Cansativo. – Respondeu ela.

- Trabalhou hoje?

- Não. Mas, minha mãe reclamou o dia inteiro porque cheguei tarde. – Explicou ela sem jeito.

Percebendo que ela não ficara a vontade com a situação Yeshua’a, deixou o silêncio e a magia da noite enluarada tomarem suas almas, seguindo assim até o restaurante. Ao chegarem o garçom se aproximou, Yeshua’a escolheu um bom vinho e voltaram a conversar:

- Você é daquela religião que ora para Meca? Daqueles que...

- Todo deficiente é visual? Todo negro é pobre ou ladrão? – Perguntou ele, visivelmente chateado pela insinuação dela.

- Desculpe, Yeshua’a. Não pretendia lhe ofender. – Redimiu-se ela.

- Não ofendeu. É que estou cansado de ouvir essa mesma pergunta. As pessoas são preconceituosas e isto me irrita. Meus pais são Israelenses. Nem todo israelense é muçulmano e nem todo muçulmano é fundamentalista. Além do mais, eu nasci no Brasil.

- Entendo. Me perdoe. – Insiste ela.

- Tudo bem. Fale-me de você. – Pediu Yeshua’a.

A mulher passou a falar sobre sua vida, suas alegrias, que não eram muitas, suas dores, omitindo claro, certas particularidades que eram desnecessárias, ao menos naquele momento. Não queria apresenta-lo, à mulher amarga, no primeiro encontro. Muito inteligente e bem-humorado, ele fez com que a conversa tomasse um rumo descontraído, deixando-a relaxada. O jantar fora servido sob olhares lânguidos de ambas as partes, com risadas, almejos, palavras não ditas e quando chegavam à casa de Kuanna, Yeshua’a beijo-a delicadamente os lábios, com uma leveza que fizera a mulher flutuar, seu corpo queimar e ao se despedirem a certeza de que desejavam muito mais do que aquele simples beijo, fincou sua bandeira em seus corações.

O domingo lhes proporcionou um novo encontro e após um passeio à beira-mar de mãos dadas, Yeshua’a levou-a para seu apartamento e pela primeira vez em muitos anos Kuanna queria se dar, sentia a vontade de ser a mulher que talvez nunca fora e quando ele, beijou seus lábios com aquela delicadeza que desencadeava um ritmo frenético em sua alma, ela deixou-se conduzir ao paraíso dos amantes. Colocando uma música suave de fundo, ele retirou sua blusa, depois o sutiã, deixando a calcinha vermelha fio dental, cobrindo um pouco da nudez da mulher. Entregue, à vontade e decidida, ela permitiu-se sentir a língua dele deslizando por seus mamilos intumescidos, por seu umbigo, por seu ventre e ao chegar na entrada da gruta, Kuanna desprendeu um gemido alto e estridente de prazer, de gozo, fazendo todo seu corpo contrair-se, rasgando a pele do homem com suas garras afiadas de loba no cio. Quanto mais ela gemia, mais Yeshua’a aprofundava a língua nas carícias, causando orgasmos múltiplos e avassaladores na mulher, que já não tinha noção de qualquer coisa. Agradecida, enlouquecida ela instintivamente abocanhou o mastro do homem com fome e determinação, levando-o até o final da garganta, olhando para seu prazer. Yeshua’a se contorcia, gemia, desprendia palavras inaudíveis, apertava um dos mamilos da mulher e se esforçava para alcançar sua gruta com a outra mão, fazendo o prazer da mulher se multiplicar. Sem avisar e sem que ela esperasse, Yeshua’a carregou-a, levando até o quarto, onde a esperava uma linda e macia cama, ansiosa por testemunhar o encontro daquelas almas sedentas. Colocando a mulher de costas no leito, ele a penetrou com virilidade, estocadas firmes, levando a loba a cantar seu cio em alto e bom som, propagando a beleza de seu orgasmos ao universo. Despida da antiga mulher, Kuanna berra:

- Mete! Vai! Fundo! Estou gozando...

Enquanto a mulher goza despudoradamente ele retira rapidamente o membro do seu interior, lambendo seu sexo em chamas fazendo ecoar um grito que sibila pelas paredes, ecoando pelo Monte Aconcágua atingindo o Himalaia, derretendo toda a frieza contida naquela alma que agora brilha renascida e liberta. A Kuanna cabe apenas deixar-se ser colocada de quatro e sentir a verga apunhalando-lhe as entranhas, aquecendo seu íntimo no pulsar daquele homem que esporra seu néctar, salvando-a de si mesma, gritando ao mundo que gozara mais uma vez e que era feliz.

 

Gérson Prado

 

 

 

 

Se for casar não leve o celular

 

Maurício estava nervoso e ansioso! Após cinco anos de namoro finalmente iria levar a linda Clarice ao altar e isso além de deixa-lo esfuziante, trazia lembranças à tona. Aquele dia, vinte e dois de agosto ficaria marcado para sempre em sua memória. Morando sozinho há pouco tempo ele fora realizar suas primeiras compras para o novo lar e enquanto tentava decidir o que levar, viu aquela mulher loura, de olhos azuis, seios fartos, pernas grossas caminhando em sua direção com um lindo sorriso nos lábios. Foi amor à primeira vista! Apesar de não acreditar nisso, seu corpo reagiu de uma forma que ainda não havia sentido e teve a nítida impressão que a mulher estava flertando-o, mesmo não se considerando bem vestido. Olhou por alguns segundos para ela, mas achou melhor seguir seu caminho. Vai que ela estivesse acompanhada por algum destes brutamontes, Bad boys? – Pensou ele.  Um homem de um metro e sessenta, magro, olhos pequenos oblíquos, pele clara, de natureza tão pacífica que beirava à frouxidão, não deveria se envolver em embates físicos. Sendo assim, Maurício voltou a concentrar-se nas suas compras tranquilamente. Ao chegar na sessão das frutas e legumes ficou totalmente perdido! Quando o quiabo está bom? Tomates verdes ou vermelhos? Decidiu pedir auxílio à mãe e pegando o celular iniciou a consultoria:

- Mãe, bom dia! Como sei que o quiabo está bom?

Do outro lado a voz firme e doce de dona Jesuína ponderava e reclamava:

- Você não deveria ter saído de casa. Não sabe se cuidar. Deixa que eu levo seu almoço.

- Não, mãe! Só preciso de uma informação!

- Você é teimoso! Vai quebrando as pontas para ver se estão moles. – Ensina a voz da sabedoria materna.

- Todos quebraram, mãe. E agora, que faço?

- Se você usar sua força, claro que todos vão quebrar! Onde você está? Vou até aí. – Fala dona Jesuína, tentando socorrer o filho.

- Não, mãe. Esquece os quiabos. E os tomates? Melhor verde ou vermelho?

Nesse momento uma voz atrás de Maurício diz:

- Depende do que for fazer!

Ao virar-se os olhos dele ficaram magnetizados e apesar de sem jeito, esquece completamente da mãe, enfiando o aparelho no bolso:

- Na verdade, nem sei o que pretendo fazer. Acabo de mudar e só queria colocar algo, além de água, na geladeira.

- Já passei por isso. – Disse ela sorrindo.

- Qual seu nome? – Perguntou ele.

- Clarice. – Responde ela.

- Faz sentido. Meu nome é Maurício. Muito prazer.

- O que faz sentido? – Quis saber ela.

- Você clareou o meu dia. – Galanteou ele.

Ela fez uma careta e sorrindo ele deduziu:

- Ruim essa, não foi?

Clarice assentiu com a cabeça e ambos sorriram.

- Você mora por aqui? – Perguntou Maurício.

- Sim. Para ser mais exata, naquele prédio ali em frente. E você?

- Há uns quinhentos metros, no prédio azul e branco da esquina. – Informou ele.

- Sei qual é. Passo por ele todos os dias quando vou à faculdade.

O tempo parou para ambos e àquela altura as compras não tinham a menor importância diante daquele encontro fortuito, da força que os mantinha presos ali. Depois de muito papo, trocaram telefones e o destino estava selado. No mesmo dia, Maurício e Clarice conversaram horas por telefone e dois dias depois, teriam o primeiro encontro. Ele estava encantado e ela não se continha. Aos trinta e seis anos, Clarice já não sonhava com príncipes encantados e após experiências frustrantes, apaixonar-se não era nem de longe sua prioridade na vida. Ralou muito. Passou por situações difíceis e agora que tinha uma vida estabilizada, buscava realizar seu sonho de ser advogada. Contudo, aquele cara mirrado pegou-a desprevenida. Havia algo nele que chamava sua atenção e ela precisava descobrir o que era. Assim, combinaram de ver o pôr do sol juntos e em seguida iriam jantar. Às dezessete horas, um homem ansioso aguardava uma mulher que chegara vinte longos minutos atrasada, vestida numa minissaia jeans, uma blusa de alças, que realçavam seus seios volumosos, um batom vermelho e um lindo sorriso, que desconsertavam Maurício. Aquele fora o mais belo pôr do sol que já viram em suas vidas e após o jantar e algumas risadas decidiram ir para casa e ele perguntou:

- Para a minha ou para a sua?

- Para a sua. – Respondeu ela.

- Se não se importar de beber apenas água, tudo bem.

- Não fez as compras? – Admirou-se ela.

- Depois daquele dia, só conseguir pensar em você.

- Boa desculpa. Falou ela, beijando-o nos lábios. – Compramos um vinho no caminho e se der fome, pedimos uma pizza.

Ele soltou um sorriso malicioso, pois não pensava em beber ou comer nada. Tudo que precisava estava ali ao seu alcance. Ao chegarem no apartamento ele foi logo se desculpando:

- Não repare a bagunça! Ainda estou arrumando as coisas e sabe como é....

- Casa de homem? Sei sim! – Interrompeu ela.

Contudo, ele não estava querendo conversar ou discutir se era ou não bagunceiro. Pegou-a pela cintura, aplicando-lhe um beijo ardente, contornando seu corpo com suas mãos, beijando seu pescoço, nuca, orelha, descendo até chegar aos seios. Retirou com habilidade sua blusa, seu sutiã, começando a lamber os mamilos, mordiscando lenta e vagarosamente seus bicos rosados, arrancando gemidos da mulher que tateava sua bermuda em busca do zíper. Caminhando atrelados, em passos ébrios, atiraram-se sobre o sofá e sedenta Clarice tirou-lhe a camiseta de uma só vez, partindo para a bermuda, abrindo-a e impondo suas mãos por dentro da cueca dele. Retirando o membro ereto, ela beijou-o com carinho, passando a engoli-lo, lambe-lo, chupa-lo e engoli-lo completamente, deixando o homem enlouquecido com sua habilidade. Maurício se contorcia, gemia, desferia palavrões e apertava a bunda da mulher por cima da saia, que a esta altura, quase lhe cobria a cabeça. Ajeitando-se no sofá ele foi esgueirando o corpo, atirando-o para o lado, puxando a mulher sobre si e quando afastou sua calcinha, teve o sexo molhado dela à mercê de sua língua que a invadiu com vigor, desejo e volúpia. Gemendo, mexendo e chupando o mastro entregue aos seus cuidados, Clarice dava os primeiros sinais de que um gozo se aproximava. Seu corpo tremia, os espasmos cresciam e como numa grande explosão, ela gritou ao mundo que havia chegado seu momento de prazer. Seu rosto havia se transfigurado, seu abdômen dilatado, sua respiração acelerada e como se retribuísse aquele grande momento ela apressou os movimentos em sua boca, precipitando o gôzo de seu parceiro, fazendo com que ele derramasse o néctar do seu prazer em sua garganta, premiando aquela que seria a primeira de muitas noites de sexo, desejo e amor. Com os corpos ainda latejando atiraram-se em baixo do chuveiro, reiniciando os prenúncios de seus prazeres. Ele ajoelhou-se, apoiando uma das pernas dela em seu ombro, embrenhando a língua ávida em sua gruta molhada, fazendo com que as pernas da mulher estremecessem juntamente com seu corpo e sua boca lançassem gemidos e frases disformes aos ares. Recostada à parede, Clarice gemia, gozava e tremia, até que suas pernas perderam o controle, fazendo-a fraquejar, prostrando-se de joelhos frente a ele, invadindo sua boca com um beijo longo e fumegante. Enquanto sentia aquela língua voraz tentando invadir sua alma, Maurício dedilhava o sexo da mulher, contornando seus lábios, entrando e saindo da cavidade encharcada de tesão, fazendo-a rebolar em seus dedos. Colocando-a deitada ao chão, ele lambuzou-se com o prazer dela e ao penetra-la já impunha orgasmos sucessivos e descontrolados. Após atingir o ápice várias vezes, ela coloca-se de quatro oferecendo-se para ser penetrada por trás. Totalmente louco de desejo, Maurício não pensa duas vezes e coloca a vara dentro da mulher que mais uma vez estremece e quando seu sexo começa a pulsar, infringe o gozo intenso em seu homem, que berra a plenos pulmões, deixando-se cair sobre ela. Daquele primeiro encontro nasceu o amor, a cumplicidade, a confiança e a certeza de que nasceram um para o outro. Em seis meses ficaram noivos e só não casaram-se imediatamente porque ela fazia questão de preparar tudo nos mínimos detalhes, trazer a família de Minas e concluir a faculdade, que ainda restava dois anos. Os pais de Maurício se encantaram com a nora. A família de Clarice amou o genro e com exceção de Sérgio, seu grande amigo, não havia quem não se apaixonasse por ela. Na primeira vez em que viu Clarice, Sérgio teve a nítida impressão de conhecê-la de algum lugar, mas os argumentos dela eram irrefutáveis a acabou convencendo-o de que se enganara. Contudo, ele sempre tinha um pé atrás com relação a mulher e não foram poucas as vezes em que aconselhara o amigo a ir devagar, a conhecer Clarice melhor, a ter cuidado.... Todavia, não adiantava. Além de Maurício estar completamente apaixonado, nada justificava a birra de Sérgio e com o tempo, até ele mesmo cedeu aos encantos da futura esposa do amigo, que lhe convidou a ser padrinho. E agora cinco longos anos depois o grande dia chegou e Maurício ouve a voz da mãe aos berros:

- Vamos, meu filho! Quem se atrasa é a noiva!

Olhando para o relógio ele apressa-se e em cinquenta minutos está na igreja lotada, à espera de sua amada que entra acompanhada pelo pai ao som da marcha nupcial, linda, sorridente e emocionada. Os convidados se agitaram, todos estavam maravilhados com a beleza daquela mulher. Completamente envolvido, Maurício sente o celular vibrar dentro do paletó e tenta ignorar. Porém, as chamadas são intermitentes e começa a irritá-lo. Instintivamente ele pega o aparelho para silenciar e fica petrificado ao ver as imagens no aparelho. Desesperado começa a passar uma a uma rapidamente e ver Clarice transando com vários homens, em diversas posições. A música vai esmaecendo, o mundo rodando e sem saber o que fazer ele corre transtornado em direção à saída.

 

Gérson Prado

 

                            Além do tempo

 

Aos setenta e dois anos, Ângelo era um homem que aprendeu ao longo do tempo que nada adianta planejarmos o amanhã, pois ele sempre se desenha da forma que menos esperamos. Aposentado desde os cinquenta anos, perdera a companheira de muitos anos de convivência para um câncer e desde então, fazia da prática diária de exercícios sua religião. Morando sozinho era metódico nos seus afazeres, acordando sempre às cinco primeiras horas do dia, caminhava na praia da Barra, onde também morava, prosseguindo o resto do dia seguindo sua rotina imutável. Com um metro e oitenta e dois de altura, epiderme negra, olhos castanhos, marcados pelo tempo, um sorriso bondoso e passos firmes, era muito conhecido e respeitado por todos os moradores pela sua sabedoria, sua paciência e sua bondade. Naquele dia aconteceria algo que mudaria sua vida completamente.

Trinta e um anos, cabelos pretos encaracolados, olhos negros, seios médios, boca carnuda, pernas grossas acompanhadas por uma bunda grande, que lhe emprestavam uma sensualidade gritante. Um sorriso doce, personalidade forte e determinada e uma vocação para ajudar, completavam as características da pedagoga Sandra. Solteira, trabalhadora, inteligente e muito bem-humorada, ela dividia seu tempo entre a função de diretora de uma das maiores escolas de Salvador, localizada no Porto da Barra e a dedicação ao mestrado. A partir daquele dia, sua vida nunca mais seria a mesma.

Os médicos entraram correndo na sala. Ligado a alguns aparelhos estava o inconsciente Ângelo, com fraturas nas costelas, na perna direita e um corte profundo na têmpora. Havia muita preocupação pelo seu estado de saúde, agravada pela idade avançada, além de não ter aparecido ninguém nesses dois dias em que permanecera no hospital, apenas a mulher que lhe prestara socorro ligava para obter informações. Segundo relato da mesma, o senhor atravessava a rua quando um veículo em alta velocidade o atingiu, atirando-o longe e evadindo-se. Ao ver o homem desacordado e sangrando muito a mulher com ajuda de algumas pessoas o colocou no seu carro, deixando-o ali sem mais informações. Como ele não estava falando, era difícil saber qualquer coisa sobre aquele homem misterioso. Cinco dias depois, Ângelo começava a dar sinais de recuperação e logo teria alta, porém para onde ele iria? Quem iria buscá-lo? Tão logo recuperou os sentidos, a primeira coisa que dissera era que não tinha parentes vivos ou próximos e numa certa melancolia falou:

- Eu sou sozinho e Deus! Desde que minha Alzira se foi, sou companheiro de mim mesmo!

A recuperação era lenta, mas o homem emocionava às enfermeiras e médicos. Não por sua condição solitária, mas por sua sabedoria, seu bom humor apesar de tudo e logo todos se deixaram contagiar, se contaminar por aquela sensatez, aquele jeitão de pai que Ângelo carregava consigo. Os profissionais queriam dar alta ao paciente, mas seria necessário realizar fisioterapia por algum tempo e como não havia quem o acompanhasse, decidiram aguardar a mulher ligar para ver se ela poderia ajudá-lo. No final daquela tarde quando a mulher ligou para receber informações, transferiram-na para falar com o doutor André, que cuidadosamente abordou o assunto:

- Boa tarde, senhora...

- Sandra. – Completou a voz do outro lado.

- Tudo bem? A senhora é parente ou vizinha do senhor Ângelo?

- Tudo sim. Não. Na verdade, nem o conheço e desconfio que sabe disso.

O médico sorriu gentilmente e retornou:

- Sim, sei. A senhora é muito esperta. Sinto que terei de ser direto. Estamos com um grande problema nas mãos. Nosso amigo, posso assim dizer, pois ele conquistou a todos aqui, não tem familiares, parentes ou qualquer outra pessoa que possa cuidar dele e não podemos deixa-lo aqui até sua total recuperação por motivos óbvios. -  A mulher do outro lado, só ouvia atentamente, com a sensação de que algo estava por vir. – Pois bem, dona Sandra. Gostaria de pedir, claro se for possível, que a senhora cuide do Ângelo por um tempo. Só até finalizar o processo de fisioterapia.

Por alguns instantes um silêncio interrompeu o diálogo até que a voz de Sandra se fez ouvir:

- Olha doutor André. Eu sinto muito, mas não sei como fazê-lo. Trabalho o dia inteiro, estudo e....

- Não será necessário ser babá dele. É apenas para leva-lo à fisioterapia três vezes por semana e mais alguns cuidados básicos. Ele está totalmente lúcido e capaz, além do que, só estou pedindo isso à senhora por estar preocupado com ele e assim como todos aqui, nos apegamos a este homem. Não é um procedimento comum e quiçá, fere às normas.

Mais uma vez Sandra ficou quieta, calada, ponderando sobre o pedido do médico e após alguns longos minutos, ela respirou fundo e disse:

- Tudo bem. Tentarei cuidar dele, mas isso é por quanto tempo?

- Bem, não podemos assegurar, mas creio que no máximo sessenta dias.

- Ok! Ele já está de alta? – Pergunta ela.

- Sim. Na verdade, há dois dias.

- Passarei aí para pegá-lo amanhã à tarde. Tudo bem?

- Tudo bem, senhora! Deus há de recompensá-la por este gesto de humanidade.

- Assim espero! – Disse ela com a voz carregada.

Apesar de toda comemoração do médico e enfermeiros o senhor Ângelo não demonstrou satisfação com a notícia:

- Não preciso que ninguém cuide de mim! Além disso, nem conheço essa mulher. Não quero estranhos em minha casa!

- O senhor vai gostar dela, senhor Ângelo. – Argumentou a enfermeira Clarice, com a voz cheia de insinuações.

- Eu faria tudo para ter uma mulher daquelas cuidando de mim. Acho que vou me atirar na frente de um carro. – Falou o médico.

- Ah, deixem de falar bobagens! Bonita era a Alzira e que mulher vai querer um velho rabugento? – Brigou o homem fazendo cara feia.

- Isso o senhor tem razão! É muito rabugento! – Brincou a enfermeira abraçando-o.

No final da tarde do dia seguinte, Sandra adentrava o hospital enchendo-o de vida, com seus passos determinados e rápidos. Chegando à recepção procurou pelo paciente, sendo encaminhada ao seu quarto e ao chegar deu de cara com um leito arrodeado de pessoas sorrindo e de cara perguntou ao médico por Ângelo e este disse:

- É aquele ali, rodeado e festejado por todos.

Aproximando-se Sandra soltou um sorriso gentil, apresentando-se:

- Boa tarde, senhor Ângelo. Sou Sandra e vim buscá-lo a pedido do doutor André.

Os olhos dele se encheram de um brilho ainda não visto naquele hospital e tentando disfarçar a surpresa ele retrucou:

- É. Aquele enxerido acha que estou aleijado.

- Vejo que o senhor está de bom humor hoje. – Disse ela sorrindo.

Encolhendo-se no leito ele percebe que havia agido mal e emenda:

- Desculpe-me, filha! Deveria era te agradecer, mas para um homem de minha idade não é fácil depender de estranhos.

- Tudo bem. Já volto. – Diz ela dirigindo-se a sala do médico. Após alguns minutos de conversa com o dr. André ela volta, exibindo aquele mesmo sorriso carinhoso e diz:

- Pronto? Está na hora de irmos.

Dando de ombros ele ajeita-se para que o maqueiro o coloque na cadeira de rodas, sendo muito festejado durante a saída.

Durante sessenta dias, Sandra altera sua rotina diária para cuidar daquele homem pacientemente e aos poucos ganha sua confiança e amizade. Neste tempo ela percebera os olhares dele em seu corpo e, muitas vezes, quando se aproximava, sentia seus olhos pularem dentro de seu decote, observando seus seios e algumas vezes teve a nítida impressão de ter visto uma ereção, mas, fingia não ver e assim o tempo foi passando, a recuperação de Ângelo tornou-se cada vez mais flagrante até o dia em que ele retornou para sua casa, deixando o apartamento enorme e uma saudade maior ainda. Repentinamente, Sandra achou que estava enlouquecendo, pois começou a ter sonhos eróticos com o ancião, acordando várias vezes, molhada e inundada de desejo por ele. Definitivamente aquilo não fazia sentido e relatou o ocorrido com uma de suas amigas, que embrulhou-se de rir e depois afirmou:

- Você está louca mesmo! O que o pobre velhinho pode te dar? Vai morrer de raiva, isso sim! – Dizia Luzia, chorando de rir.

- Ah, sei lá, Lu. Deve ser a abstinência que está me causando isto! Vou trabalhar e estudar que esqueço essa história.

Mas, não foi isso que aconteceu. Os sonhos viam cada vez com mais frequência e quando ela decidiu ligar para saber como Ângelo estava a situação se agravou:

- Oi, minha linda! Pensei que tivesse esquecido desse pobre velho. – Disse ele alegre e surpreso.

- Esqueci nada, meu amigo. É falta de tempo mesmo. – Concluiu Sandra.

- Que dia virá visitar-me?

- Poxa, essa semana será impossível. Estou cheia de coisas para fazer.

- Tudo bem. Quando tiver um tempinho livre, passa aqui. – Disse ele com a voz encoberta pela tristeza.

- Mas, não se preocupe. Irei assim que puder. Se cuide viu, meu velhinho lindo! Beijos.

Ao desligar o aparelho ela sentiu algo a incomodando. Sabia que ele estava sozinho e pior, que aguardava sua presença. A noite não conseguira dormir. Os sonhos vinham e voltavam, deixando-a suada e molhada. Levantou, perambulou pela sala inquieta, excitada e amedrontada. Que seria aquilo que sentia por Ângelo? Aquilo nunca a acontecera e não era algo normal. Tinha de descobrir do que se tratava e pegando as chaves do carro, Sandra rumou em direção à Barra. Acusando-se de louca, determinada, com as pernas trêmulas ela chegou à casa do homem e assim que o relógio marcou vinte e duas horas apertou a campanhia que de pronto foi atendida, abrindo-se a porta em sua frente, revelando um sorriso surpreso e dócil:

- Aconteceu algo minha filha? – Pergunta ele, estranhando aquela presença.

- Sim, aconteceu. – Responde ela visivelmente angustiada.

- Entre. – Oferece ele.

Tão logo a mulher se senta, começa a contar tudo o que tem acontecido com ela e sorrindo Ângelo diz:

- Tem ocorrido o mesmo comigo, bebê. Não sei o que fazer, pois um homem de minha idade não tem o direito de...

A língua ávida da mulher invade a boca do homem que mesmo desacostumado àquela aventura se deixa levar e ver Sandra ensandecida de tesão por ele o anima. Tomando os seios da mulher na boca, ele engole-o sem a mesma destreza de outrora, mas com habilidade adquirida ao longo da vida, leva-a a loucura e um sexo intenso, diferente e rápido acontece ali mesmo no sofá.

A partir daquele dia os encontros são frequentes e cada vez mais quentes. A experiência dele aliada a juventude dela, dá contornos explosivos à relação que cada dia exige mais e mais de Ângelo que resolve surpreender a mulher com uma performance de dar inveja a qualquer garotão. Adquire um medicamento para aumentar seu potencial, sua ereção e sua autoestima. Esperando por sua namorada, ele está impaciente e mal Sandra cruza a porta, vê um homem totalmente ereto e disposto a saciar seus desejos mais íntimos e secretos. Agarrando-a com firmeza ele beija seus mamilos, sugando-o com vontade por cima da blusa fina, enquanto desliza seus dedos por entre sua calcinha molhada, enfiando-o dentro de seu sexo, enlouquecendo a mulher que geme e estremece inteira. Aos poucos ele vai descendo a língua por seu corpo, pousando-a dentro da gruta encharcada de prazer, até alcançar seu fundo, chupando-a loucamente, levando a mulher a orgasmos sucessivos e alucinantes. Em torpor, Sandra arrasta-se na cama, empurrando seu velhinho, deixando-o deitado com aquele mastro ereto e engoli-o completamente para depois lambê-lo até a base, gozando apenas ao fazer isso. Totalmente fora de si ela ajeita a vara dentro de seu sexo, sentando nele, dando início a uma cavalgada desvairada, gemendo, vibrando, sentindo todo seu corpo molhado, os seios intumescidos, o homem gozando, berrando seu nome, xingando-a e quando finalmente Sandra se liberta através de um urro grave e profundo, desmedido, sem limites que a leva ao paraíso, trazendo a paz para dentro de sua alma e de seu amante. Aquele velhinho que fizera de tudo para dar o que ela merecia, que fora um desconhecido, um amigo, um amante e agora era seu homem, estava ali, verga ereta à espera de sua fêmea faminta. Sandra agradecia a Deus por ter conhecido aquele velhinho gostoso, experiente e que estava ao seu dispor. Beijava-o suavemente seu mastro, seu abdômen, sua boca..., e de repente um grito ensurdecedor se ouviu. Ângelo exibia um sorriso iluminado, um brilho nos olhos que aclamava sua felicidade naquele último momento.

No dia seguinte, às quinze horas, Ângelo fazia sua última passagem. Haviam poucas pessoas no sepultamento. O dr. André, alguns enfermeiros e Sandra que ainda sentia as marcas e sensações daquele homem em seu corpo, em sua alma e sabia ela que aquelas marcas durariam por toda a sua vida. Disposta a dar-lhe um último e definitivo beijo, ela se aproxima do caixão ainda aberto e ao tocar seus lábios o homem arregala os olhos, tosse e pergunta:

- O que está acontecendo?

Mais uma vez o pobre velhinho estava sozinho.

Gérson Prado

Encontros casuais

 

Helena era uma mulher que chegara aos quarenta anos em plena forma. Dona de um belo sorriso, um corpo esguio, seios pequenos, olhos oblíquos de cor caramelo, cabelos pretos lisos e longos, possuía uma personalidade forte, tendo como suas marcas a sensualidade e espirituosidade. Aos vinte e nove anos ficara viúva, após Felipe, seu marido, sofrer um terrível acidente no trabalho lhe rendendo uma indenização milionária e uma pensão que lhe proporcionava uma vida de luxos e luxúria. Juntamente com as amigas Ádria e Carol, viviam tudo de bom que a vida tinha para oferecer, desfilando pela alta sociedade, nos principais eventos, desde obras assistenciais à ménage e swings à uma tarde inocente a beira da piscina refrescando seus corpos, batendo um papo e tomando um drink.

Ádria era uma bela mulher loura que aos trinta e nove anos frequentava a academia quatro horas por dia, todos os dias da semana. Com um ar angelical, olhos negros, pernas bem torneadas, seios siliconados, estatura mediana, lábios grossos, com um apetite sexual que beirava ao insaciável, casada com um deputado federal e mãe de dois filhos, Ádria se utilizava da posição e do dinheiro do marido para promover verdadeiras orgias nas constantes ausências do mesmo, que passava a maior parte do tempo em Brasília. Igualmente casada e mãe de dois filhos, Carol era uma mulher de quarenta e dois anos, magra, alta, cabelos pretos curtos, olhos verdes, negra, bem-humorada que usava as loucuras e encontros com as amigas para fugir do marido controlador, excessivamente ciumento e um casal de filhos adolescentes e rebeldes. Geralmente as festas aconteciam durante o dia, uma vez que seria impossível para Carol sair à noite. Porém, naquela sexta-feira as mulheres resolveram passar um dia de mulheres comportadas na casa de Helena, bebericando, falando bobagens e descansando o corpo, já que a quinta-feira fora pesada com uma festa que durou o dia inteiro e Ádria ainda sentia os efeitos:

- Nossa, Helena! Ainda estou com a Xana em brasas.

- Claro, minha filha! Queria dar para todos os homens da festa! Queria ver se o deputado chegasse querendo alguma coisa o que iria fazer. – Fala Carol.

- Com certeza ela iria dar e ainda deixaria o pobre cansado. – Diz Helena sorrindo.

- Aquele vive cansado! Na primeira iria morrer. Não aguenta meu pique! – Afirma Ádria

As mulheres conversam animadas quando o celular de Helena toca, deixando-a irritada, aos gritos com alguém do outro lado. Ao desligar o aparelho Ádria pergunta:

- Que foi, mulher? Não me diga que era o finado!?

Helena assume um ar sisudo, encarando a amiga, que de pronto pedi-lhe desculpas:

- Ôh, amiga! Perdoe-me! Saiu sem querer!

Apesar de levar uma vida desregrada e até certo ponto leviana, Helena ainda sentia a morte do marido após tantos anos e não a toa resolveu ficar sozinha. Uma tristeza abateu-se sobre ela, mergulhando fundo na dose de uísque até a última gota em seu copo. Os segundos que se passaram fizeram-na viajar no mundo em que ela tentava fugir a todo custo. O mundo das lembranças! Recordava que na noite anterior ao acidente, fizera amor com Felipe de uma forma como nunca haviam feito antes, que iriam passar o final de semana em Abrolhos, dos filhos que iriam ter....

- Quem era? – Indaga Carol, despertando-a dos pensamentos.

- Era o babaca da empresa que limpa a piscina. Solicitei o serviço há uma semana e justamente hoje estão mandando um cara para cá.

- Porque não dispensou? – Pergunta Ádria.

- Segundo eles estão com problemas com pessoal e se não fizer hoje, não tem uma previsão de quando poderão.

- Isto quer dizer adeus banho de sol! – Fala Carol.

- Vamos para a cobertura. A piscina lá é menor, mas o sol é o mesmo.

As mulheres caminham nuas pelas dependências da mansão, indo até a cobertura, retornando ao papo descontraído regado a vinho e uísque quando o interfone toca. O homem se identifica como funcionário da empresa e após mostrar o crachá da empresa pela câmara tem seu acesso liberado, dando início ao seu trabalho lá em baixo, enquanto elas voltam às conversas animadas.

O sol escaldante faz com que Douglas procure uma sombra antes de começar seu trabalho. Dá uma olhada em volta e como não avista ninguém grita:

- Oi, tem alguém aí? Ei! Bom dia!

Sem resposta ele junta seu material, põe os fones de ouvido e inicia a limpeza da piscina tranquilamente. Acostumado ao serviço e principalmente ao tratamento distante e algumas vezes desrespeitoso daquelas pessoas ricas, Douglas não vê a hora de concluir a faculdade para ajudar sua mãe e seus irmãos, além de largar aquele trabalho e a vida dura que leva. Acorda às quatro da manhã para estudar, às seis está na academia improvisada no quintal, sai às oito para o trabalho indo em seguida para a aula, só retornando para casa por volta das vinte e três horas. Apaixonado pela dança, seu sonho era ser um dançarino famoso, mas para um negro morador de uma comunidade carente e violenta os sonhos se desfazem cedo. Com dois irmãos mais novos, aos vinte e dois anos, filho de costureira desempregada Douglas agarrou a oportunidade de cursar a faculdade através de um financiamento estudantil, passando os meses realizando contas e mais contas para conseguir efetuar os pagamentos e ainda ajudar em casa. Vez por outra conseguia uma participação em algum grupo de dança e faturava um por fora, porém não alimentava a esperança de viver disso. Com muito esforço comprou algumas peças usadas para colocar em um computador velho que seu chefe lhe dera e este era o meio principal de estudo, uma vez que não havia como deixar o trabalho para frequentar a biblioteca, mesmo contando com o apoio de seu chefe, não poderia dar mole e perder o emprego. Olhando para os lados e suando muito, Douglas cercou-se da certeza que não havia ninguém por perto e retirou a camisa para amenizar o calor, dando sequência à limpeza.

Lá em cima as mulheres se divertiam quando de repente Helena parou hipnotizada, se desligando completamente das amigas. De pé, imóvel, ela observava Douglas, seduzida, envolvida, quando Carol lhe pergunta:

- Lembra, Helena?

A mulher não ouve. Está absorta em outros pensamentos e a amiga insiste:

- Helena! Lembra?

Meio que assustada ela responde:

- Ah? De quê?

- O que está vendo aí? – Pergunta a sempre esperta Ádria.

Com uma das mãos Helena sinaliza para as amigas, convidando-as a compartilhar de sua visão. À beira da piscina Douglas dança, remexe-se todo em movimentos sensuais. Seu corpo parece uma onda assumindo e tomando formas e contornos, num balanço erótico e envolvente.

- Nossa! – Exclama Carol.

- Isso é muito excitante! – Admira-se Ádria.

- Até uma brisa lhe excita, Ádria. – Afirma Helena.

Por longos vinte minutos as mulheres ficaram observando um negro de um metro e noventa, cabeça cuidadosamente raspada, musculoso, suado, contorcendo-se feliz, executando sua tarefa como se fosse uma brincadeira ou como se estivesse numa balada seduzindo sua fêmea, deixando-as totalmente excitadas. Voltando à realidade Ádria diz:

- Bem que gostaria de descer e comer esse dançarino gostoso, mas o deputado chega hoje e tenho que garantir que não demore muito.

- Também tenho que ir. Daqui a pouco o infeliz liga e ainda tem meus filhos.

- Fique aí com seu espetáculo, Helena e se possível, desfrute dele com requintes de muita sacanagem! – Diz Ádria sorrindo.

As mulheres caminham até o banheiro e após um banho vestem-se, entram em seus carros e saem admirando o rapaz que dança despreocupadamente sem se dar conta de que está sendo observado. Assim que as amigas desaparecem no portão, Helena coloca um roupão e desce em direção à piscina observando atentamente o rapaz. Encantada e excitada aproxima-se com cuidado cumprimentando-o:

- Bom dia!

De costas com o som dos fones no volume máximo ele não escuta e mesmo hesitante Helena toca-o no ombro, assustando-o. Sem graça, ele arranca o fone de um dos ouvidos ao virar-se falando:

- Desculpe, tia. Não vi a senhora aí.

“Tia é a puta que lhe pariu! ” – Pensa ela. Com um sorriso doce ela diz:

- Tudo bem. Vi que estava ouvindo música e dançando. Por sinal, você dança muito bem.

- Obrigado, tia. Posso ajudar a senhora em alguma coisa?

“Se parar de me chamar de tia e mexer assim dentro de mim, será de grande ajuda! “ - Pensa ela mais uma vez.

- Não. Só queria saber se ainda vai demorar muito aí.

- Não, tia. Já estou acabando. Mais uns vinte minutos só.

- Ah, mas não precisa correr. Quero um trabalho bem feito!

- Tranquilo, tia. Se quiser a senhora pode vir ver se está do jeito que a senhora quer.

- Tudo bem. – Responde Helena irritada, dando as costas ao rapaz.

Assim que a mulher caminha noutra direção Douglas vira para olha-la e a ver rebolando sensualmente murmura:

- A tia é gostosa!

Xingando bastante o rapaz Helena volta para a cobertura e de lá fica apreciando o gingado, o rebolado provocante dele, perdida em sensações e imaginações até que percebe que o show acabou. Douglas começa a arrumar as ferramentas de trabalho para ir embora e ela se apressa em oferecer-lhe um copo de suco. Nada mais justo depois de uma performance daquela. De longe ele avista a mulher com uma jarra e um copo nas mãos e ao se aproximar ele estende o copo, aceito por ele, enchendo-o e sentando-se em uma das cadeiras, observando-o sorver o líquido com vontade.

- Dance para mim. – Pede ela.

Sem dizer nada Douglas retira os fones do celular, colocando-o em cima da mesa, deixando a música fluir, acompanhando cada melodia com seu gingado, mexendo a cintura, rebolando e deixando a mulher cada vez mais excitada. Dois, três minutos se passaram e quando a música se encerra ela aplaude e pergunta:

- Quer mais suco?

Ofegante e suado, ele apenas confirma com a cabeça. Helena abre o roupão e atirando o suco sobre o corpo diz:

- Vem beber!

Neste momento a ferramenta de Douglas, não a que usou para limpar a piscina, quase pula em cima da mulher. Embasbacado ele olha os seios, o ventre dela escorrendo o suco gelado e a mulher de olhos fechados se ofertando para ele e num grande esforço ele fala:

- Tia! Eu não posso me envolver com os clientes. Isso dá problema e não posso perder esse emprego.

Extremamente irritada Helena grita:

- Eu pago!

Assustado e ofendido, Douglas dá as costas para ela e quando começa a catar suas coisas, a mulher toca-lhe no ponto mais fraco:

- Deve estar cheio de dinheiro! Recusando assim!

Neste momento ele se lembra das contas em casa, da mensalidade da faculdade, dos irmãos..., e, virando-se para ela chateado berra:

- Só por que a senhora tem dinheiro acha que é assim? Sai comprando as pessoas...

Enfiando a mão no bolso do roupão Helena atira várias notas de cem sobre a mesa, vendo os olhos de Douglas se arregalarem, suas mãos cobrirem seus seios e a língua invadir-lhe a boca. Um misto de tesão e ódio tomam conta dele que agora suga um dos seios da mulher, enquanto sua mão passeia pelo sexo molhado de Helena que geme, louca de tesão. Rapidamente ele desce sua boca até a gruta, erguendo as pernas dela sobre a mesa, chupando com força seu clitóris, arrancando urros de prazer e quando ela ainda se delicia com aquela língua, ele afasta-se, retira o membro ereto, empunhando-o em sua goela. Helena lambe o mastro com carinho e habilidade e quando finalmente o engole completamente é surpreendida por um rebolado gostoso, que deixa a tarefa muito mais prazerosa. Douglas mexe o corpo, o quadril, como se estivesse dançando, embora a única melodia audível naquele momento fosse os gemidos de ambos. Ela chupa-o e toca o próprio sexo, enlouquecida, gozando várias vezes, até que Douglas a coloca com o peito colado à mesa de costas, invadindo seu sexo com ardor, estocando com vontade, para em seguida reiniciar o rebolado, cheio de sensualidade. A sensação de ter aquela vara mexendo lentamente dentro dela leva Helena a orgasmos múltiplos, gritos alucinados, contrações que há muito não sentia. Sua boca seca, seu ventre dilata-se, sua vagina pulsa, assim como o mastro dentro dela, que se vira e ver-se banhada pelo suco abundante, produzido por aquele falo negro e grosso, de um garoto que a chamava de tia, limpara sua piscina e agora inundava sua alma de prazer.

Tão logo se refez, Douglas vestiu as roupas, pegou suas coisas, o dinheiro e saiu ouvindo os gritos de Helena atrás de si:

- Garoto! Qual seu nome? Onde o encontro?

Sem obter resposta Helena viu o portão fechar-se atrás do rapaz, deixando sua alma inquieta. Era uma mulher viúva, sem compromissos e com dinheiro suficiente para comprar qualquer homem com quem quisesse trepar. Não tinha de preocupar-se com um garoto pobre, limpador de piscinas. Tão logo o dinheiro acabasse, ele a procuraria. – Pensou ela, atirando-se na piscina completamente nua e renovada.

Como haviam combinado, às vinte e duas horas as amigas se encontravam num barzinho, para dar início a mais uma noite de orgias, exceto Carol que neste horário vivia seu inferno particular. Tão logo se encontraram Ádria perguntou:

- E aí, Helena. Como foi com o dançarino gostoso?

A mulher passou a contar todos os detalhes e cada vez mais interessada e curiosa, Ádria revela:

- Só de ouvir fico excitada! Acho que tive uma ideia.

- Que ideia, doida? Indaga Helena, sem demonstrar muito interesse.

- Ele poderia dançar em nossa festinha. – Fala Ádria, lambendo os lábios.

- Sei não. Ele ficou ofendido quando lhe ofereci dinheiro.

- Mas, depois caiu de boca e não esqueceu de pegar o pagamento. Se por setecentos reais ele fez um show para você, com dois, três mil ele dançaria, treparia, mergulharia na piscina e ainda sairia batendo palmas que nem uma foca. – Afirma Ádria caindo na gargalhada.

- Tem outro detalhe. – Fala Helena com o olhar perdido no copo.

- Que detalhe mulher?

- Não sei como encontra-lo. Não sei seu nome, endereço..., nada!

- Deixa de ser boba, Helena! É só ligar para a empresa e solicitar o serviço novamente.

Helena para por uns segundos, degusta sua bebida e prossegue:

- E se mandarem outro? E se ele não quiser mais ir lá?

- O que está acontecendo com você, mulher? Essa não é a Helena que eu conheço.

- Acho que de alguma forma ele mexeu comigo. – Revela a amiga pensativa.

- Eu sei. E sei exatamente com o que e onde ele mexeu com você. – Fala maldosamente Ádria, voltando a gargalhar alto.

- Meu Deus! Você só pensa nisso, Ádria.

- Por falar nisso. Vamos para a festa? Essa conversa me excitou e estou doida para dar.

- Vou para casa.

- Por que?

- Sei lá. Não estou legal.

- Já está saciada, não é? Agora que me deixar assim, acesa.

- Ádria, se uma gota da chuva bater em sua cabeça lhe excita. – Fala Helena sorrindo.

- Amiga. Amanhã o deputado chega e tenho que aproveitar. Não sei que dia ele viaja e espero que não demore. Já que não está se sentindo bem, vou dar por mim e por você.

- Você sempre dar por todo mundo na festa.

- Nem vou lhe responder. Beijos

As mulheres se despedem e assim que entra no carro Helena começa a pensar na melhor forma de ligar para a empresa sem levantar suspeitas.

 

No sábado ensolarado uma sereia desliza pela piscina. Helena nada de um lado a outro, depois envolve-se em seu roupão, pegando o celular em cima da mesa. Do outro lado uma voz grave, mas educada atende:

- Alô! Bom dia!

- Bom dia!

- Em que podemos ajuda-la, senhora?

- Eu gostaria que mandassem o rapaz que esteve aqui ontem para realizar um serviço.

- Que houve? O trabalho não ficou bem feito? – Pergunta o homem intrigado.

- Não senhor. Antes, o contrário. Quero que ele limpe a outra piscina. A que fica na cobertura.

- A senhora sabe o nome do rapaz?

- Não, senhor. Não sei.

- Deixa eu ver aqui nos registros. Um momento por favor.

Poucos minutos depois o homem retorna:

- Ah, senhora. Infelizmente não poderei ajudá-la. O Douglas não trabalha hoje. Ele faz faculdade e aqui nós priorizamos o crescimento dos funcionários. – Fala o homem cheio de orgulho.

Do outro lado, um pouco desolada Helena pensa em pedir o endereço, o telefone..., qualquer coisa que a coloque de frente com ele e de preferência que esteja dentro dela. Porém, o homem no ímpeto para não perder a cliente apresenta a solução:

- A senhora pode agendar para segunda-feira. Pode ser?

- Claro! – Responde ela imediatamente.

- Às dez horas está bom?

- Perfeito. Obrigado.

- Por nada, senhora! É um prazer servir nossos...

Bips contínuos anunciam que a mulher encerrara a conversa. Naquele final de semana, Helena decidira não sair e se arrependera em partes, uma vez que às horas demoravam a passar e a segunda-feira parecia se distanciar a cada segundo.

Contudo, na segunda-feira às dez horas Douglas acionava o interfone da casa de Helena, despertando, aflorando seus sentidos, sua libido e causando uma confusão em seu interior. Alguma coisa havia mudado nele e ela percebera isso, embora ainda não soubesse ao certo o que.

- Bom dia, tia.

- Bom dia. Eu não sou sua tia!

Douglas soltou um sorriso de canto de boca, com uma malícia anunciada e perguntou:

- Quer que limpe outra piscina? Parece que fiz um bom serviço!

- Sim. – Responde Helena, tentando parecer indiferente a tudo que aquele garoto provocava nela.

- E onde fica?

- Lá em cima. – Responde ela, apontando para o alto da mansão.

- Posso começar?

- Sim. Claro. Não quer um copo de suco antes?

- Claro! Está muito quente hoje.

Um sorriso cheio de malícia brota nos lábios dela e ao entrarem na casa, Helena não se contém e aplica um beijo em Douglas que corre a mão pelo corpo trêmulo da mulher, retirando o laço que segura o roupão, apertando os bicos dos seus seios, fazendo a mulher ficar na ponta dos pés, esfregando-se em seu corpo, soltando pequenos gemidos. Douglas abocanha os mamilos, mordendo, lambendo suas auréolas e apertando a bunda da mulher. Ao enfiar os dedos por entre o biquíni, ele percebe a quão excitada ela está iniciando uma masturbação leve em seu clitóris, afundando seus dedos nela, embriagando-a de desejo e aos poucos desce sua língua por seu ventre, umbigo, alcançando o sexo molhado, mergulhando sua língua o mais fundo que consegue, atirando-a ao chão, devido a pressão que exercia em suas pernas. Deitada Helena se abre completamente, afastando as pernas para que ele pudesse explorar toda sua vagina, conduzindo-a a um prazer intenso e mágico. Girando o corpo no chão, ela alcança o membro ereto na calça de Douglas e com dificuldade liberta-o da roupa, posicionando-se por baixo dele, engolindo a vara completamente. Na posição de quatro apoios ele lambe sua gruta e dá início a um rebolado delicioso, enquanto ela se delicia com o membro devidamente guardado em sua boca e quase goza ao sentir que ele mexe dentro dela. Os gritos de Helena denunciam diversos orgasmos e de repente ele se levanta para sentar-se, em seguida puxando-a para cima de si e quando acopla-se à fêmea ergue-a com a força de seus braços e pernas apoiados ao chão e como se numa cadeira, ela sente o gingado do homem por baixo de si, levando-a ao delírio, a um arrepio na alma, a um, a outro, depois outro e mais um orgasmo intenso e assustador. Quase exaurida ela vira-se de frente para ele, começando a cavalgar na verga ereta e pulsante até que sente o orgasmo dele chegando e preenchendo suas entranhas totalmente. Atirados ao chão, ela olha-o e sorri, embevecida por todas aquelas sensações, rolando por cima dele, beijando seus lábios, se aconchegando em seu corpo suado.

- Não quer tomar um banho? – Pergunta ela.

- Antes ou depois de limpar a piscina? – Devolve ele.

Sorrindo ela põe-se de pé, conduzindo-o por uma das mãos até sua suíte, onde banham-se de todas as formas, mas principalmente de prazer, para em seguida atirarem-se na cama.

- Você não tem namorada? Indaga ela.

- Não senhora.

- Para de me chamar de senhora! – Grita ela, irritada.

- As garotas não tem paciência para namorar com um cara que sai de casa todos os dias às oitos horas e só chega à vinte e três, estuda nos finais de semana e tem muitas responsabilidades. – Explica ele, ignorando completamente seu pedido.

- E como faz? Pergunta Helena curiosa.

- Para transar? – Faz-se ele de desentendido.

- Sim. Como faz?

- Ah, a gente dá um jeito. De vez em quando rola umas baladas e acontece.

De repente o telefone toca e do outro lado a voz inconfundível de Ádria ecoa:

- Bom dia, mulher! Por onde andas? A horas que ligo e não atende.

- Bom dia. Não ouvi tocar. – Responde Helena.

- E aí, falou com o pessoal da empresa?

- Sim, falei.

- E aí, encontrou ele? O dançarino?

- Sim.

- Por que está assim, monossilábica?

- Ele está aqui. – Responde Helena, quase sussurrando ao telefone.

- Falou com ele sobre nossa festinha, sua safada? – Pergunta Ádria com a voz carregada de malícia.

- A festa será particular. Não haverá convidadas. Depois falamos, beijos.

Refeito, Douglas inicia mais uma apresentação sensual para Helena ao som da música Yeah do cantor Usher, brindando e inebriando aquela mulher, numa segunda-feira que seria diferente de qualquer outra já vivida por ambos.

Dupla traiçãoDupla traição

 

Definitivamente o universo não conspirava a seu favor! – Pensou Irene ao levantar e sentir a cabeça rodar. Há dois meses flagrara seu namorado na própria cama com a melhor amiga e agora se via tendo sonhos eróticos com ele. Sentada na beira da cama sentiu a bexiga reclamar que precisava expurgar toda a cerveja, tequila, uísque..., que ingerira na noite anterior e com muito esforço cambaleou até o banheiro lembrando detalhes do sonho. Ainda sentia o cheiro, as mãos, as carícias de Anderson em seu corpo. Sua alma ainda flamejava e não entendia porque aquele sonho permanecia vivo em sua mente, porém ao sentar-se no vaso um mix de sentimentos apoderou-se de seu corpo. Não fora um sonho! Os preservativos na lixeira não deixavam dúvidas que transara com alguém naquela noite e por mais absurdo que pudesse parecer, em seu íntimo torceu para que não houvesse sido com ele. Não depois de tudo que a fizera passar, sentir e odiar. Sua vontade era permanecer ali ou quem sabe mergulhar no vaso e ressurgir em outro lugar, noutra realidade em que não houvessem Anderson, Camila, ressaca e aquele sonho que se apresentava agora como uma realidade aterradora. Ao enxugar-se sentiu uma sensação gostosa e as cenas da noite anterior remexeram-se em sua mente, mas não conseguia lembrar da cara do sujeito que a deixara assim tão sensível e como a dúvida a deixava irritada decidiu tomar um banho, o café e tão logo tiraria a história a limpo. Iria ligar para Duda. Com certeza ela saberia com quem havia deixado a boate! Enquanto a água fria corria por seu corpo ela murmurava baixinho:

- Nunca mais vou beber! Putz.

Saiu do chuveiro sentindo-se um pouco melhor e ao chegar a cozinha exclamou:

- Merda!

Havia um café da manhã preparado e um bilhete e ela sabia que aquilo só poderia ser arte dele. Hesitante, caminhou até a mesa, pegando lentamente o papel onde estava escrito:

A noite

A noite nos revela

Angústias, emoções

No palácio ou na favela

Ecoam sensações

 

Tequila, uísque ou cerveja

Coquetéis, brindes e perdões

Lábios sabor cereja

Corpos embrulham-se em colchões

 

No esquecimento

Deixo-te meu sabor

Embrenho-me em teu pensamento

Dele sou morador

 

Seu nego

 

Anderson não era o tipo de homem irresistível, porém poucos homens tinham o dom de ser cafajeste como ele e sua habilidade no sexo era irritante e desconcertante para Irene que rasgou o papel com raiva, atirando-o ao chão, pensativa. As imagens ficavam mais claras e as sensações mais presentes. Conseguia sentir as mãos dele dedilhando sobre seu corpo como se tocasse as cordas de um violão, seu beijo deslizando por seus seios intumescidos, as mordicadas nos bicos, o contrair de sua vagina à espera daquela língua maravilhosa percorrendo cada centímetro úmido e desesperado por um carinho. Viajava de olhos fechados vendo a imagem do negro alto, aquele tórax bem definido à mostra, o abdômen desenhado que levava a um mastro grosso, habilidoso, que sempre atingia todos os pontos que houvessem em sua gruta, fosse ele qual fosse. De repente, Irene percebeu que estava molhada passando a mão sobre a calcinha, sentindo o tesão crescente e tentando fugir dos pensamentos e lembranças sentou-se para tomar seu café e concentrar no que deveria fazer naquele domingo. Mentalmente criou uma lista que começava por lavar a louça e terminava por arrumar o pequeno apartamento, que naquele momento mais parecia uma república diante de tanta bagunça. Terminou seu café indo para a pia com os pensamentos e sentimentos distorcidos, mergulhando nos afazeres e a única coisa que a torturava era saber que no dia seguinte encontraria Camila, sua ex-amiga e atual namorada de Anderson. Aliás, há dois meses se perguntava porque ainda trabalhava no mesmo lugar, sabendo que seria muito mais fácil procurar outro trabalho e livrar-se daquela situação constrangedora. Desde que chegara a São Paulo conhecia Camila e possuíam praticamente a mesma história. Vieram de cidades nordestinas com a intensão de estudar e trabalhar. Se esbarraram no saguão do aeroporto e a empatia foi instantânea, iniciando-se uma série de coincidências, fazendo com a amizade crescesse, fossem trabalhar no mesmo local, estudar na mesma faculdade, curso e sala e dois anos e seis meses depois encontrasse o namorado dentro das pernas dela, em sua cama. Isso não tinha perdão! Com raiva e sensações estranhas Irene se entregou às ocupações do domingo, indo deitar por volta das vinte, cansada, caindo num sono pesado.

 

“Segunda-feira, dia em que poderia ser feriado só por vir após o domingo”. – Pensou Irene ao ouvir o despertador tocar. Pulou da cama de uma só vez, pois sabia que o mundo não iria esperar criar coragem para mais um dia e pior, seu chefe não perdoaria mais um atraso naquele mês. Não via a hora de se formar logo, esquecer aquela loja, aquele caixa..., mas por hora restava-lhe apressar-se em tomar banho e se arrumar. Correu o olhar pelo guarda-roupas e as opções eram tão grandes quanto seu salário, deu um muxoxo, pegou uma calcinha preta, a toalha, correndo ao banheiro. Minutos depois saiu penteando apressada os longos cabelos negros, ajeitando-os num coque, pegou insatisfeita uma blusa azul de alças e a calça jeans arrochada, que desenhava suas pernas grossas e a bunda grande. Enfiou o sutiã na bolsa, juntamente com aquela farda rosa e verde que tanto odiava, voltando ao espelho para maquiar os lindos olhos castanhos mel, para em seguida calçar rapidamente a sandália, saindo para mais um dia de trabalho e faculdade. Para variar a condução estava lotada, as pessoas disputavam até lugar para pôr o pé e alguns homens se aproveitavam para acocharem às mulheres e sua bunda era uma das mais requisitadas, o que fazia com que já chegasse no trabalho irritada e agressiva muitas vezes. Certa vez, teve que segurar com força o membro de um cara e retorce-lo na mão, para que entendesse que ali não era encosto público e por pouco não acabara na delegacia, diante da confusão que se instalou. Com o tempo aprendera que não deveria ir trabalhar de saia ou vestido, pois poderia aparecer grávida de um passageiro qualquer. Sempre que possível encostar-se nas laterais, ficando de frente era uma boa saída e se desse sorte, poderia vagar algum lugar e sentar-se, mas, esta era a mais complicada das situações. No entanto, naquele dia se algum homem resolvesse acocha-la, certamente ela chegaria no trabalho com um cacete sangrando na bolsa. Estava tão irritada que os homens a olhavam e seguiam em direção contrária e esta foi a primeira notícia boa do dia. Poderia ter descoberto uma nova estratégia para evitar o roça-roça em sua bunda. Sorriu com a ideia e um sujeito achou que era com ele, sorrindo de volta ao que ela enfezou a cara, atravessando-o, botando o tarado em seu devido lugar. Uma hora e meia depois, cabelos desgrenhados, maquiagem devidamente derretida, amassada e muito puta, Irene chega ao trabalho, dando de cara Camila descendo da moto do namorado e por mais que tente não ver a colega cumprimenta-a:

- Bom dia, Irene.

- Bom dia, Camila.

- Soube que saiu mal da boate sábado.

Repentinamente ela para, olha para o casal e diz com ar sarcástico:

- Soube de mais alguma coisa ou só lhe contaram isso?

Camila olha para o namorado e depois para a outra mulher:

- Tem algo mais que deva saber?

Sem responder Irene sorri e entra no estabelecimento onde seu chefe já a esperava olhando para o relógio:

- Bom dia, Irene. Chegando cedo?

- Bom dia, senhor José! Se quiser posso dar um jeito de voltar a dormir.

- Vejo que acordou bem-humorada. Isto é bom. Adiante e vá se arrumar. Logo iremos abrir a loja.

O dia que prometia ser maçante, se confirmou e para piorar vez por outra tinha que aturar Camila que nos últimos dois meses lhe pedia perdão a cada cinco minutos e sempre com a mesma explicação:

- Ôh, amiga! Não foi culpa minha e nem dele. O amor ninguém explica. Não fica com raiva de mim. Você nem amava ele. Cansava de dizer que ele só era bom de cama, mas que não era o homem de sua vida.

De fato, Camila tinha razão! Várias foram às vezes em que Irene a confidenciara isso e Anderson estava longe de ser o homem dos seus sonhos. O que sentia por ele era uma atração física incontrolável e desmedida, que fazia com que um simples beijo a deixasse em brasas, com a calcinha molhada e sem dúvida a pegada dele era espetacular. Lançando um olhar de desdém para a colega ela suspira, revira os olhos e diz:

- Vai me dizer que ama ele?

- Não, acho que não. Mas, estou apaixonada e aquela boca...

- Vá para a porra, Camila! – Explode Irene. – Pega meu namorado e ainda vem me dizer como é, o que descobri primeiro que você!? Me poupe!

Diante da fúria dela, Camila muda completamente de assunto:

- Vai para a aula hoje? Temos um trabalho para apresentar, lembra?

- Sim. Vou. – Responde Irene secamente.

Percebendo que a outra não está afim de conversa Camila se afasta, voltando ao trabalho e o dia passa lenta e irritantemente para Irene que ao sair do trabalho para a aula murmura enquanto espera o ônibus:

- Aquela puta! Além de me tirar o homem, tirou minha carona! Cachorra!

Uma mulher que aguardava também a condução olha para ela indignada e quando pensava em retrucar, ela explicou-se:

- Não é com a senhora. Estava falando sozinha.

A mulher encara-a severamente e diz:

- Vai a porra sua maluca!

Irene balança a cabeça negativamente, caminhando em direção ao ônibus superlotado que acabara de chegar. Com muito esforço, conseguiu entrar e adotou a tática da cara fechada para repulsar os doentes que ficam se esfregando nas bundas alheias, porém, desta vez não estava dando certo. O homem baixinho, forte, bigode ralo, estacionara em sua bunda e ela conseguia sentir a coisa dura atrás, cutucando e em certo momento teve a impressão que ele dançava arrocha. Tentou desviar-se, virar para outro lado, mas não havia espaço e quando olhou para trás o homem se deliciava com a situação, o que a deixou possessa. Estava no meio do coletivo, restavam dois pontos para descer e, então, ela deslizou suavemente a mão para as costas e começou a acariciar o membro ereto do sujeito que se abriu num sorrisão, mordendo os lábios e revirando os olhos, como se estivesse num gozo eminente. De repente ouviu-se um grito ensurdecedor:

- Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii, porra! Ai, ai....

O homem estava na ponta dos pés e Irene apertava com força o membro, as bolas, a alma e quanto mais ele urrava mais ela apertava, fazendo com que ele se debruçasse de dor e quando as pessoas começaram a entender a situação, ela esgueirou-se, empurrando aqui e ali, descendo assim que o motorista freou o veículo, sorrindo e andando apressadamente. Seguiu sorrindo satisfeita com sua peripécia, até se dar conta de que descera um ponto antes da faculdade e a caminhada demoraria uns quinze minutos. Olhando para o céu perguntou em voz alta:

- Deus! Que fiz de tão mal assim?

Apertou os passos chegando na faculdade suada e ofegante, indo direto ao banheiro se refazer. A apresentação fora um sucesso, a aula chata e a volta tão ruim quanto a ida, num ônibus lotado, que só não fora pior porque desta vez conseguira encostar a bunda na lateral do veículo. Mesmo cansada, dedicou algumas horas ao estudo, adormecendo sobre os livros, acordando algum tempo depois, indo para a cama.

 

A semana transcorria igual e na quarta-feira, decidira que não iria a aula, pedindo a Camila que lhe passasse o conteúdo da aula por mensagem. Mesmo que não quisesse, esse era um dos motivos pelo qual ainda mantinha algum contato com a colega, embora soubesse que não conseguira tomar raiva dela. Aquele fora um dia agitado e ao chegar em casa Irene tomou banho, enrolou-se na toalha, ligou o notebook, a TV, indo preparar alguma coisa para comer quando a campanhia tocou e para sua surpresa era Anderson:

- Que foi? – Perguntou ela, com irritação.

- A Camila me disse que você não estava bem e fiquei preocupado.

- Estou bem sim, pode ir. – Falou ela sem abrir a porta.

- Abre aí. – Pediu ele.

- Para quê? Já viu que estou bem, pode voltar para sua namorada.

Diante da insistência dele que impedia que a porta fosse fechada com um dos pés, ela cedeu, deixando-o entrar e voltando para a cozinha.

- Está brava comigo, não é?

- Não deveria? – Devolve ela.

- E o que aconteceu sábado? Não foi nada?

- Estava bêbada. Nem lembro o que aconteceu. – Justifica-se Irene.

Ao virar-se Anderson já está em cima dela. Sua respiração tão próxima a intimida e envolve. Ele olha dentro de seus olhos, como se pudesse ler seus pensamentos ou hipnotizá-la, a pega pela cintura, erguendo-a a altura da pia, repousando seu corpo sobre ela, abrindo suas pernas com força e mesmo com a resistência fingida ela sente aquela língua quente tocar-lhe o clitóris, desarmando-a, despertando sensações, desejos, fazendo suas ancas se alargarem sobre a pia, derrubando copos, pratos e suas defesas. Um gemido lhe escapa e cravando as unhas no rosto do homem ela suplica:

 

- Não para! Lambe bem gostoso! Me faz gozar, seu safado!

Anderson desliza seus dedos habilidosamente sobre o sexo dela, separando os lábios, mergulhando a língua a fundo, mordiscando seu centro, lambendo todos os lábios, enlouquecendo Irene que geme de prazer, permitindo o corpo estremecer, o abdômen dilatar, cerrando os olhos e um orgasmo intenso povoar toda sua alma. Ainda trêmula ela sente os dentes dele apertarem seus bicos rijos, as mãos firmes apertando sua cintura, seu corpo sendo erguido e atirado à mesa, como se fosse ela a refeição da noite. Puxando-a pelos cabelos ele desabotoa a calça com certa dificuldade, retira o mastro e enfia-o em sua boca, que aceita a tarefa a ela designada, engolindo-o completamente com volúpia e desespero. Como sua calça pendera ao chão, a dificuldade para pegar o preservativo aumentara consideravelmente, fazendo com que Anderson tentasse um malabarismo para alcança-lo sem precisar retirar seu membro da boca da mulher e sem se dar conta vai se afastando da mesa, fazendo-a acompanhar seu movimento, ficando quase de ponta cabeça sobre a mesa. Mesmo com toda dificuldade ela não larga o cacete ereto, sugando-o com tesão e quando finalmente ele consegue alcançar o bolso da calça, coloca o preservativo, atirando-a sobre a mesa, abrindo suas pernas e invadindo com todo vigor, fazendo-a rasgar um gemido enlouquecedor, seguido de estocadas firmes e viris. Não demora muito e ambos ecoam seus prazeres, revelando sua chegada ao mundo dos amantes, explodindo em sensações. Passam-se alguns segundos e aos poucos Irene volta da sua viagem, observando o sorriso safado daquele homem em sua frente, a margarina ao chão, os copos, os pratos e lembra por um segundo que arrumara o apartamento a poucos dias. Erguendo-se lentamente ela mira-o e diz:

- Vai ficar assim?

- Assim como? Devolve ele, erguendo a calça.

- Vai ficar namorando minha amiga e quando sente saudades me come?

- Você quem terminou comigo. Não queria que acontecesse, mas não me deixou explicar.

- Não havia nada para explicar. Você comeu minha melhor amiga na minha cama.

- Não é tão simples assim. Ela...

- Vá embora. – Ordena Irene.

- É o que quer?

- É. Teve o que queria. Me comeu. Gozou e eu gozei. Pode voltar para sua namorada.

Anderson sorriu, beijou seus lábios e saiu pela porta como acabara de entrar a alguns minutos antes. Catando as coisas no chão, Irene não estava zangada, não sentia culpa nem se sentia usada. Apenas sentia a paz que o prazer proporcionado por aquele homem lhe trazia. Entrou no banheiro e ao olhar no espelho vociferou:

- Filho de uma puta desgraçado! Tem margarina no meu cabelo!

Após aquele dia ela decidiu que não ficaria refém dele. Iria arranjar um namorado e seguir sua vida e deixar que seguisse a dele com Camila. Fez planos durante o resto da semana e no sábado rumou para a balada. Não a que costumava ir com o namorado e a amiga. Precisava conhecer pessoas diferentes, lugares diferentes e com uma minissaia prateada, uma blusa preta e salto alto, chegou causando. Muito assediada durante a noite, às três horas entrava no motel com um negro alto, cabelo bem aparado, cavanhaque e muito cheiroso. Não estava bêbada. Estava alegre e louca para sentir tudo que Anderson lhe fazia sentir, com aquele homem. Ao entrarem no quarto foi direto tomar uma ducha, sendo acompanhada pelo homem. As carícias se iniciaram e as decepções também. Caio não lembrava nem de longe a pegada de Anderson. Seus beijos eram mornos, sua habilidade beirava o zero e quando começou a morder seus seios ela teve certeza:

- Me leve para casa, Caio.

- Que aconteceu? Você é maluca? – Perguntou incrédulo o homem.

- Não estou me sentindo bem. Acho que bebi demais.

- Sim. Vamos descansar um pouco, depois voltamos a namorar. Deve estar nervosa.

- Anderson nunca diria isso. – Murmurou ela.

- O que? Pergunta Caio.

- Nada. Apenas me leve para casa. Amanhã te ligo e conversamos.

Diante da decisão dela e mesmo contrariado, ele torna a se vestir, atendendo-a. Ao chegarem à casa dela ele sugere:

- Que tal se eu subir e conversamos um pouco?

- Hoje não, Caio.

Despedem-se e ao abrir a porta ela saca o celular, ligando para Anderson que atende sonolento:

- Alô.

- Preto, quero você agora!

- Estou com a Camila. Não seu se vai dar.

- Se vire! Estou aqui acesa, nua e te esperando.

Desligando o aparelho ela corre até o guarda-roupa, pega uma minúscula calcinha branca, uma cinta liga, sorri e entra no banheiro. Minutos depois a campanhia toca e quando a porta se abre, surge o sorriso safado de Anderson, acompanhado daquele brilho no olhar e a língua que passeia sobre os lábios perguntando:

- Posso entrar?

- Só se for todo! – Responde ela envolvendo seus lábios.

 

Gérson Prado

 

                                                        

 

 

 

Deslize

Sabrina não suportava mais! Há uma semana que se comportava como uma adolescente boba sempre que Carlos a olhava. Não tinha o direito de pensar em outro homem, mesmo estando brigada com seu noivo. Henrique tinha seus defeitos, mas não merecia que ela sonhasse em traí-lo. Desde que aquele homem chegara não tivera mais sossego e para piorar sua situação ele nunca lhe dirigira uma palavra, porém aqueles olhos verdes a desconsertava. Por mais que evitasse, imaginava suas mãos grandes percorrendo seu corpo, afogando seus beijos em seus lábios. Várias foram as vezes em que se surpreendera excitada durante o expediente, sonhando, delirando, montando e remontando cenas inflamadas com Carlos. Teria que dar um basta naquela situação ridícula e resolveu simplesmente ignorar seus olhares, pois acabaria prejudicando seu trabalho e sua vida pessoal.

Os dias se passaram e com muito esforço ela conseguia ao menos fingir que não sentia o olhar em sua direção. Fez as pazes com Henrique e quase implorou para que fosse pegá-la no trabalho durante aquela semana. Queria mostrar a Carlos e, principalmente, a si, que tinha compromisso com um homem que a amava, a desejava e que ela correspondia integralmente. Nos primeiros dias, foi relativamente fácil, já que o estagiário passou mais tempo fora do escritório e ainda que algumas vezes se flagrasse sentindo sua falta, recuperava o juízo ou pensava recuperar. Tudo corria bem até que esqueceu os documentos para a audiência de um cliente. Estava em cima da hora e o escritório da JJ Advogados Associados ficava distante. Não teria como ir até lá e retornar para a audiência a tempo e decidiu ligar pedindo que mandassem alguém levar. Minutos depois, sentiu aquele olhar atrás de si e a voz grave pronunciou seu nome, arrepiando toda sua alma:

- Doutora Sabrina! Aqui está o processo. Vim o mais rápido que pude.

Ao virar-se ela estava lívida, as mãos trêmulas e a calcinha molhada.

- Obrigado Carlos. – Falou ela, gaguejando.

- A senhora está bem? Está pálida.

- Estou sim. Muito obrigado. – Agradeceu ela, saindo imediatamente.

Desconcentrada! Assim encontrava-se Sabrina. Suas mãos e pernas suavam e temendo pelo pior correu para o banheiro. Precisava se acalmar, retocar a maquiagem e voltar seus pensamentos para a audiência:

- Concentre-se! Como pode uma advogada de prestígio comportar-se como uma adolescente qualquer? Ou pior, como uma vagabunda. Ele é apenas um garoto bonito. – Tentava ela se convencer em voz alta. Olhou para o relógio percebendo que só tinha dez minutos até que chamassem seu cliente e apressou-se em se maquiar. Respirou fundo e saiu. Aos trinta e quatro anos já possuía experiência suficiente para conseguir lidar com aquela situação e mesmo nervosa saiu-se muito bem durante a audiência. Porém, o que não saía de sua cabeça era a voz, os olhos verdes daquele garoto dez anos mais novo que ela. Não se conformava em estar sentindo aquele desejo, não queria senti-lo! Saiu decidida a esquecer tudo aquilo e só iria no escritório quando fosse estritamente necessário. Na sua cabeça a melhor forma de fazer isso era estando o maior tempo possível perto do noivo e assim, combinou com ele um cinema logo após o trabalho. Entrou em seu carro indo direto ao escritório para deixar o processo, onde só retornaria dois dias após, caso não houvesse jeito. Tão logo entrou deu de cara com o doutor Alfredo. Um homem de meia idade, muito competente no exercício da profissão de advogado e amigo de seu pai:

- Boa tarde, doutor Alfredo.

- Boa tarde, minha filha. Como foi a audiência?

- Tudo tranquilo. Conseguimos mais uma.

- Você teve a quem puxar. Seu pai não perdia um processo...

- É. Ele vive me dizendo isso! – Interrompeu ela, pois sabia que o homem começaria a remontar toda a trajetória deles, desde o colegial e tudo que ela mais queria era sair dali o mais rápido possível. Despediu-se do colega olhando ao redor e para seu alívio não havia sinal de mais ninguém. Invadiu sua sala empurrando as pastas na gaveta da mesa, saindo a passos apressados quando viu que o doutor Fernando ainda estava na sala. Estudaram, se formaram e entraram juntos na empresa. Eram muito amigos e decidiu passar para dar um “oi” rápido.

- Nando! Ainda está aí?

- Olá, minha bela! Sim, mas já estou de saída. Esse prédio quando está vazio dá arrepios.

- Verdade. - Concordou ela sorrindo.

- E você? Que faz aqui ainda esta hora?

- Vim apenas deixar um processo, pois sempre esqueço e quando preciso é um corre-corre.

- Sei bem como é isso.

- Beijos. Falamos qualquer hora.

- Beijos.

Quando Sabrina saía, percebeu que a luz de sua sala estava acesa se dirigindo para apaga-la. No meio do caminho seu celular toca:

- Oi, amor! Já saiu?

- Sim. Vou apenas passar em casa para tomar um banho, ok?

- Certo. Estou indo para casa, vou só apagar a luz que esqueci.

- Tudo bem. Não se atrase, viu?

De repente ela sentiu uma presença, uma respiração forte em sua nuca que gelou todo seu corpo. Ela não queria acreditar que seus pensamentos estavam certos. Recusou-se a virar permanecendo estática com o celular ao ouvido e Henrique gritando feito um louco do outro lado. Quando se deu conta desse fato falou totalmente embaraçada:

- Oh amor! A ligação ficou ruim. Tchau.

Ao virar-se viu Carlos passou roçando seu corpo nela sorrindo. Sabrina ficou enfurecida! “Quem ele pensa que é? “ – Pensou ela indo atrás dele, pronta para uma briga. Invadiu a sala e pegando-o pelo braço perguntou:

- O que pensa que está fazendo?

Com uma cara sínica, um sorriso safado ele disse:

- Não entendi doutora Sabrina! O que eu fiz?

- Você passou..., você sabe o que fez. Não se faça de desentendido!

- Eu não sei do que a senhora está falando. Os processos estavam errados?

- Passou roçando seu...

Carlos não permitiu que ela completasse a frase. Puxou-a pelos cabelos longos, possuindo sua boca com ardor, retirando-lhe não só as palavras como a respiração. Ela bem que tentou esboçar uma reação, empurra-lo, mas o garoto de um metro e oitenta, pele clara, olhos verdes, cabelos negros compridos, tinha braços fortes. Enlaçou sua cintura, apertando-a mais contra si, beijando seu pescoço, deixando-a sem sentidos. Todo seu esforço fora embora, assim como sua razão. Sabrina entregou-se completamente ao desejo, abrindo abruptamente a camisa de Carlos, beijando seu tórax, correndo as mãos por sua calça, retirando o cinto, o botão e alcançando o mastro duro que tanto imaginara. Abaixou-se para suga-lo, forçando o garoto a recostar-se sobre a mesa, preenchendo sua boca gulosa. Engolindo completamente a vara, ela gemia baixo, lambia, voltava a engolir até o fundo da garganta e lambia-o novamente. Sentiu que era erguida e atirada a mesa, de onde papéis, telefone, agendas foram atirados ao chão, abrindo espaço para seu corpo. Carlos retirou sua blusa de onde surgiram dois mamilos rosados intumescidos que foram chupados com volúpia, arrancando gemidos da mulher. Sem pensar ele levantou sua saia, puxando a calcinha vermelha rendada que guardava uma cona encharcada de tesão suplicando sua língua voraz. Mergulhando sua língua em seu interior ele sentiu o gosto da fêmea que tinha o corpo trêmulo, as unhas cravadas em suas costas e pedia desesperadamente:

- Me come! Vem! Me come!

Carlos puxou-a pelas pernas, abrindo-a em sua cintura e enfiando seu falo até onde pode. A mulher gritou alto, enterrou as unhas em seu rosto, mordeu seus lábios, gritando:

- Vou gozar, Carlos! Mete! Mete...

Assim ele fez! Meteu até o fundo daquela vagina pulsante e enquanto ela ainda sentia o prazer rasgando seu sexo, ele a virou de costas penetrando-a mais uma vez. Estocadas firmes, mãos presas aos cabelos louros davam a sensação de cavalgar uma égua no cio e isto fez Carlos gozar abundantemente naquela fenda maravilhosa, deixando-o sem forças, fazendo-o debruçar sobre ela, unindo suas respirações ofegantes, seus corpos e seus pecados. Recobrados os sentidos, Carlos olhou nos olhos castanhos daquela mulher com os cabelos desgrenhados, seios à mostra, saia na cintura e sorriu. Sabia que aquele escritório nunca mais seria o mesmo. Com os olhos miúdos, inundada pelo prazer de Carlos, Sabrina olhava para aqueles olhos verdes, boca carnuda, mãos grandes e sorria. Sabia que já não adiantava fugir.                                                               

Gérson Prado