O CIÚME!

14-11-2011 23:16

Ciúme

 

                                         “É um não querer mais que bem querer;
                                           é um andar solitário entre a gente;
                                          é nunca contentar-se de contente;
                                          é um cuidar que ganha em se perder.

                                          É querer estar preso por vontade;
                                          é servir a quem vence o vencedor;
                                          é ter com quem nos mata, lealdade.” 

 

A despeito das definições encontradas em diversos dicionários, talvez, o ilustre poeta português Luiz Camões entendesse muito mais do assunto. Quem nunca foi corroído por este sentimento que nos leva à perda da razão? Os motivos são diversos, mas, todos já sentimos algum dia uma ponta de ciúme! Seja por falta de confiança, insegurança ou o desejo de posse, ele consegue tirar nosso sono e porque não dizer a paz. Por vezes, queremos controlar a pessoa amada, cercar-nos de todas as garantias que esta pertence apenas a nós mesmos e por mais que neguemos, nunca estamos contentes com as juras de amor recebidas. A única forma de estarmos mais tranqüilos é estarmos sempre perto, monitorando. Sempre tentamos nos convencer de que não estamos prendendo a pessoa e de que ela está conosco por livre e espontânea vontade e nos perguntamos: Porque ele (a) está me traindo, então? Mas, será que realmente há uma traição? Se sim, porque continua com esta pessoa? Estas são duas perguntas difíceis de responder e mais ainda aceitar suas respostas! Raras são as pessoas que conseguem admitir a possibilidade de estarem enganadas em seus julgamentos, vêem em cada suspiro do parceiro uma atitude suspeita e acabam criando uma forma de justificativa por permanecerem na situação que se encontram. Alguns embarcam numa disputa com o parceiro e até mesmo com a terceira pessoa da relação. Confidenciam com amigos: “Se ele (a) não for meu, também não será dela (e)! nesta fase a pessoa já perdeu completamente seu controle e amor próprio, tornando seu principal objetivo manter esta pessoa ao seu lado a qualquer custo! Não seria mais sensato perguntar-se: Quanto custará tê-la ao seu lado? É realmente isto que esta pessoa deseja? A coisa mais complicada para nós seres humanos é le dar com perdas! Seja ela de um ente querido ou de um amor. Porém, parece que a perda de um amor é mais sofrível que tudo nesta vida para algumas pessoas! A possibilidade de ser trocado (a) dispara um gatilho que envolve todos os sentimentos ruins existentes em nós! Ódio, vingança, baixa-estima...! Está sua vida atrelada a de outra? Baseia-se sua felicidade nesta busca constante pela pessoa amada, mesmo que isto possa lhe custar à dignidade, o amor próprio e a completa infelicidade? Parecem vias contrárias felicidade e infelicidade, mas, não o são! Como ser feliz com alguém quando se desconfia dela o tempo inteiro? As horas que passa monitorando, imaginando, planejando, ligando seriam bem mais proveitosas se não fosse o ciúme! Você parou de viver a sua vida para viver a do outro!

           Mas, como diminuir ou deixar de ser ciumento (a)? Se começarmos a pensar que a vida é cheia de momentos, que cada um deles representa uma nova experiência e que estas formam         nossa história, talvez fique mais fácil. Lembre quantas escolhas você já fez nesta vida e que nem sempre foram as mais corretas. O ciúme nos leva a ficar surdos! Ficamos tão envolvidos com nossas desconfianças que acabamos  induzindo a pessoa a buscar um ombro, braço, peito.. . amigo. Entenda que a pessoa tem direito a fazer suas escolhas, que o fato de você achar ser o melhor para ela, não significa que ela também ache! Passamos por muitos momentos difíceis nesta vida e, às vezes, tudo o que o outro necessita é um pouco de conversa, de compreensão! Cobrança, discussão apressam e até determinam o fim de um relacionamento que só persistirá se ambos assim o desejarem, portanto, não tente jamais levar um relacionamento sozinha (o). Temos visto nos jornais diversos crimes passionais, de crianças (filhos de um dos cônjuges) e todos com o mesmo motivador: Ciúme! Deveríamos todos adotar o velho provérbio popular: “Quando um não quer dois não brigam!

Gérson Prado