Invisíveis
Espalham-se pelas ruas
Roupas sujas, esfrangalhadas
Com suas vergonhas nuas
Cama sobre as calçadas
Herdeiros do desdém
Filhos dependentes da pedra
Mantidos por quem convém
Mergulhados na merda
Problema social
Assim são contabilizados
Num grande evento internacional
Noutros cantos são jogados
Perambulam sem destino ou opção
Entre vielas, praças e viadutos
Roubam, mendigam por um pedaço de pão
Velhos, crianças e adultos
Passam despercebidos
Quase nunca são notados
Da sociedade são restringidos
Seus direitos alijados
Passamos com indignação
Medo, nojo ou indiferença
Sequer fazemos uma reflexão
Julgamos, condenamos e damos a sentença
Mas, quando a noite cai
Nem percebemos quantos são
A arrogância nos trai
Estão invisíveis, espalhados pelo chão
Cada um com sua história e sua dor
Sem esperanças, são sobreviventes
E nós que falamos tanto em amor
Se não culpados, somos coniventes
Talvez, vá se perguntar:
O que posso fazer?
Ao menos quando passar
Olhe um pouco além de você
Veja o que pode ser feito
Não falo de caridade
Ou esperar pelo prefeito
Tente ajudar de verdade
Será difícil sozinho
Mas, inicie a mobilização
Se cada um fizer um pouquinho
Muitos deixarão esta condição!
Gérson Prado