Invisíveis

25-04-2015 23:22

 

 

Espalham-se pelas ruas

Roupas sujas, esfrangalhadas

Com suas vergonhas nuas

Cama sobre as calçadas

 

Herdeiros do desdém

Filhos dependentes da pedra

Mantidos por quem convém

Mergulhados na merda

 

Problema social

Assim são contabilizados

Num grande evento internacional

Noutros cantos são jogados

 

Perambulam sem destino ou opção

Entre vielas, praças e viadutos

Roubam, mendigam por um pedaço de pão

Velhos, crianças e adultos

 

Passam despercebidos

Quase nunca são notados

Da sociedade são restringidos

Seus direitos alijados

 

Passamos com indignação

Medo, nojo ou indiferença

Sequer fazemos uma reflexão

Julgamos, condenamos e damos a sentença

 

Mas, quando a noite cai

Nem percebemos quantos são

A arrogância nos trai

Estão invisíveis, espalhados pelo chão

 

Cada um com sua história e sua dor

Sem esperanças, são sobreviventes

E nós que falamos tanto em amor

Se não culpados, somos coniventes

 

Talvez, vá se perguntar:

O que posso fazer?

Ao menos quando passar

Olhe um pouco além de você

 

Veja o que pode ser feito

Não falo de caridade

Ou esperar pelo prefeito

Tente ajudar de verdade

 

Será difícil sozinho

Mas, inicie a mobilização

Se cada um fizer um pouquinho

Muitos deixarão esta condição!

 

Gérson Prado