E se eu for agora...
E seu eu for agora...
Encontrar meus pecados ou os beijos da morte
Se minha alma do corpo for embora
Qual será sua sorte?
Para onde irão todos os teus ódios e rancores
Todas as injúrias e blasfêmias que ensaiou dizer?
Permanecerão em tua boca envenenada de dissabores
Lacrando e sepultando um coração pronto para morrer?
E se eu for agora...
Encontrar-me com o perdão
Renascendo das cinzas da amargura e sofrimento
Abrir meu velho-novo coração
Refazendo cada momento?
E se eu for agora...
Apagar todas as lembranças do passado
E sem querendo rasurar teu nome em minha vida
Tudo que não me foi falado
Jamais será, pois, será uma desconhecida!
E se eu for agora dizer ao mundo
Que hoje morreu um velho conhecido seu
Ele carregava uma tristeza e um desgosto profundo
Isto lhe adoeceu!
E se eu for agora...
Contar que em partida me segredou
Que a maior de suas dores foi não saber perdoar
Julgou, condenou e sentenciou
Mas que agora quer mudar!
Disse-me que a vida não é cruel, mas, punitiva
Que pagou aqui seus pecados
Que a coisa mais aflitiva
Não é morrer, mas, viver a vida dos condenados!
E se eu for agora dizer-te adeus?
Sair por esta vida cheia de morte
Gritar que cansei dos erros meus e seus
De que adianta amor, ódio, azar ou sorte?
Gérson Prado